24/06/2011

J. #34

Fazer amor contigo outra vez foi diferente. Não foi como ir à lua e voltar, porque eu quis fazer amor e tu quiseste fazer sexo, eu quis carinho e tu quiseste prazer, eu quis harmonia e tu quiseste orgasmos.
E talvez, ao contrário do que costuma acontecer, o nosso problema seja o sexo, ou tudo seja explicado com esse exemplo. Se calhar, como somos no sexo, somos na vida em geral.
Eu quero isto e tu queres aquilo.
E às vezes, quem sabe, esse não será o segredo para a magia que tínhamos. Mas deixou de ser.
Pela primeira vez, ironia do destino, a tua casa esteve vazia e nós estamos separados.
Ainda assim, estreámos a tua cama. Prefiro a minha. Prefiro o meu ninho, o meu lugar, as roupas perdidas no meu chão e o meu tecto a cobrir-nos. Prefiro os raios de sol a entrar pela minha janela grande, prefiro o meu quarto sem televisão, e a minha estante cheia de livros em vez da tua quase vazia.
Mas a verdade é que, fosse em que quarto fosse, tu serias o mesmo e eu a mesma.
Tu à procura do prazer, e eu à procura de qualquer coisa, qualquer réstia de sintonia entre nós, e se fossemos uma música tu estavas a procurar o ritmo e eu a letra, e se fossemos um filme eras só a imagem e eu as palavras, e se fossemos dois jovens separados recentemente que deram por si sozinhos numa casa, tu serias aquele que se descuidou de novo, que agiu mal, porque mesmo depois de, quando me perguntaste, se queria "mais depressa", te respondi "Só quero fazer amor contigo", tu foste mais depressa e não me beijaste. Tu não te enrolaste em mim, não sorriste, tu só disseste "amo-te" e nada mais.
"Amo-te"? O amor não se faz assim.
Assim faz-se o sexo.


Só tenho pena que assim seja. Só quero fugir, chorar, só quero esquecer tudo.


"I wish I have missed the first time that we kissed, because you broke all your promises"

23/06/2011

J. #33

 Amo-te. Amo-te de uma forma que não conhecia. Amo-te incondicionalmente, e dava por ti a minha alegria, o meu sorriso, a minha vida. Na verdade, foi exactamente isso que fiz.Roubaste-me a alegria e o sorriso. E a minha vida perdeu a cor e o brilho.E a alegria, a plenitude, a vivacidade que me davas..Recriaste-me para depois me deixares sem tudo isso.E eu quero, quero acima de tudo voltar ao que era, queria acima de tudo ser tua outra vez, dar-me de novo. Mas mais que isso, um pouco mais que isso, quero proteger-me de um futuro igual ao passado.Por isso, afasta-te de mim. Tira daqui esses lábios, não me deixes sentir o teu toque, nem que seja leve, não me deixes perder-me nos teus olhos nem passes do outro lado da rua.Porque enquanto passares, eu vou sempre atravessar e meu Deus, eu sei que um dia, quando voltar para o outro lado, um autocarro me passa por cima. Como já passou uma vez.E eu, burra que sou, apaixonada que sou, amante que sou, louca que sou, perdida que sou, hei-de passar até que a puta do autocarro me mate.
Porque te amo, porque te amo mais do que à própria vida.Porque para mim, a vida és tu. Sem ti, que vida estarei a viver?

                                                                             "So don't come back for me
                                                                                     Don't come back at all"

18/06/2011

ABSOLUTAMENTE

Pronto. Ponto. Decidi. Isso, agora mesmo.
Vou mudar. Aqui, na minha cabeça.
Agora, só existo eu.
O amor - como até já tinha reparado - não existe. É uma pala em frente dos olhos, uma ilusão, um mito, algo que um ser ingénuo inventou quando sentiu desejo.
Porque o desejo existe. Sim, sem dúvida. Por isso é que existem mais preservativos que casamentos. O desejo, a paixão, a ânsia, a perversidade, o bom, puro, excêntrico sexo existe e é bom. Não parte corações. Faz bem à saúde, à forma física, ao coração.
Por isso, agora é tudo sobre mim e sobre sexo. É tudo sobre tornar-me alvo de várias atenções, de olhares masculinos, quem sabe femininos, é tudo sobre não amar nunca, não ser estúpida ao ponto de voltar a pensar que me apaixonei, e que algum homem há-de ser aquele que irei querer para sempre, que será pai dos meus filhos, amante para o resto da vida, companheiro de viagens como sonhei com o J.
Não. Isso não existe.

J. #32

O que é que eu fui fazer? Nós podemos lá ser amigos! Nós podemos lá tomar cafés juntos! Eu posso lá fingir que estando na mesma mesa que tu, a ver-te rir, falar, mexer, não me atrai e que os teus movimentos não me fazem sentir cair cada vez com mais intensidade para esses teus lábios... Que lábios.
Não posso voltar ali contigo, nem a Algés, nem a lado nenhum que me faça lembrar tudo aquilo que já fomos. Não contigo.
Amigos depois de namorados? Isso é mito, puramente.

15/06/2011

what about J?

So...

O J. foi-se.
Ele deixou-me três vezes, depois de me deixar, de me deixar, de me deixar.
E depois eu deixei-o, depois de ele me deixar e me levar a jantar e me beijar.
Sabia que ficaria vazia, sempre soube que sem ele não era tanto quanto com ele.
Sempre foi mentira que estar só é melhor que estar acompanhada, mas nunca tropecei no engano de cair nessa mentira.
Sempre soube que acompanhada sabe melhor viver, sabe melhor rir, caminhar, conhecer, explorar.
E a sua companhia... a sua companhia era a minha preferida. porque viver, rir, caminhar, conhecer e explorar com ele (por vezes ele mesmo) era poder fazer tudo isso de mãos dadas, com beijos roubados, beijos oferecidos, beijos discretos, beijos excitados, com a alegria, com o brilho no olhar que só os apaixonados sabem ter.
A sua companhia deixava-me de rastos, completamente rendida ao seu encanto, os olhos azuis, as costas largas, o sorriso tão perfeito. Ainda sei que assim o é, mas sei também que não me soube proteger, não se soube comportar, não soube fazer justiça aos 21 - quase 22 - anos que tem em cima, e é assim que se perde uma miudinha, uma adolescente que dava tudo por si, absolutamente tudo, é assim que se perde alguém.
Isso ele sabe fazer - oh se sabe!
E durante uns tempos pensei que fosse morrer: as noites eram longas, os dias para além de longos eram terríveis, porque a minha mente cansada da noite passada de luz acesa se vingava enquanto o sol brilhava no céu. Nada chamou a minha atenção durante imenso tempo. NADA. Tudo eram paredes de luto, e sentia-me a renascer um pouco cada vez que elas me faziam rir, cada vez que me sentia um nadinha mais feliz. E ainda assim, mesmo assim a rir, era triste porque ele não me podia roubar um beijo daquele sorriso.
Mas o tempo vai curando, a ferida vai sarando, e ainda que tenha ficado cá dentro como só podia ficar - porque foste o homem da minha vida - começa a ser só uma recordação, umas poucas memórias aqui bem guardadas, e a sua página está a pouco de ser virada.
E os meus livros nunca se folheiam para trás.

Amo-te, e um dia destes, quem sabe amanhã, já só te amei.