30/11/2010

uma vez mais

O meu mundo parou.
Fiquei recostada na porta do elevador aberta, as luzes e uma música que não conseguia ouvir porque perdera os sentidos.
Eras a última pessoa que esperava ver. Eras a melhor prenda que podia receber, no entanto.
As lágrimas surgiram sem mais nem menos. A tua presença, a tua figura, o tempo que passou e que, ali percebi, afinal eu tinha sentido. Não foi assim tão depressa. Já nem me lembro da nossa data, dá para acreditar? Por esta altura, estaríamos juntos há talvez oito meses. O tempo corre, escorre, veloz. Demasiado.
E depois atirei-me para cima de ti, abracei-te e recebi sem hesitação, eu senti, o teu abraço. Eu senti, D., eu senti que o mundo parou. Juro. Não existia mais nada, percebi o verdadeiro significado do "Só nós existimos". Percebi hoje, contigo.
Não esperava sequer uma mensagem de parabéns. Fizeste tanto mais que isso.
Fizeste da minha irmã cúmplice e reapareceste daquele lugar onde tinhas ido e pensei que nunca mais voltarias.
Com o saco daquele presente planeado desde o Verão.
Não tenho palavras.
Ainda estou assim, meia parada meia em rotação com a Terra.
Obrigada.
Muito sinceramente, obrigada.

29/11/2010

Holofotes

Não é uma sensação incrível, ser aniversariante? 
Todos se reúnem por um motivo que tem o teu nome. Há um jantar e há a família e os Parabéns à volta da mesa, há um ou outro embrulho que é uma surpresa e mesmo quando é fácil adivinhar, a minha cara de surpresa é sempre a mesma porque não é a satisfação do que descubro que me preenche, é a presença e a ânsia e o receio de quem me rodeia.
E há sempre aquela noite que há-de ser nossa, minha e vossa, saio de casa e vou divertir-me para qualquer lugar onde haja música, álcool e qualquer coisa que se fume (mas principalmente a música) pela noite dentro (e pela noite dentro), para chegar seja a que horas for, ninguém se importa nem pode importar porque agora eu já vivi mais 365 dias e sei mais 365 coisas. [Resulta na perfeição. Se ontem era sexta-feira e pedi para sair, mas hoje é sábado e tenho oficialmente um ano a mais, já tudo muda, já sou mais madura e já sei muito mais da vida que ontem. Pois (...) resulta na perfeição]
Não é que eu ame os holofotes, porque não amo. Chamar a atenção não é, definitivamente, o meu ponto forte. Na verdade, as minhas bochechas ficam ainda mais rosadas e o meu olhar procura alguma salvação (que nunca aparece) em redor mas sem mover a cabeça um milímetro que seja. É assim que reajo.
Mas gosto disto: de ser um pretexto para todos estarem felizes, ser por um dia a lembrança de que amigos, família, (e a namorada ou o namorado) são aqueles de quem devemos cuidar porque gostamos. 
Gosto disso, não dos holofotes. 

27/11/2010

Shiu

Às vezes podias calar-te um bocado. Adoro em ti que nunca te canses de dizer mais qualquer coisa. Que seja a vida lá no sítio, o amigo de meio mundo, o não-sei-quê-do-plástico que a tua mãe te chama. Adoro a tua energia, o teu ninguém me pára nunca, adoro o teu sorriso fresco e perfeito.
Mas às vezes, podias calar-te um bocado. É que há, como em todas as moedas e quase tudo na vida - não querendo arriscar dizer tudo - o lado mau disso em ti.
É que às vezes, parece que estás de tal forma descosido que até aquilo que devia ficar... se vai.
E tu sabes àquilo a que me refiro, quem sabe se não saberás até que situação mais me magoou.
É que quando formos casados e souberes tudo o que ando a fazer pela casa e pelo emprego e pelas ruas e aquilo que cozinho e a forma como durmo e souberes que às vezes, quando estou muito, muito cansada não lavo os dentes antes de me deitar ou às vezes, de manhã, basta estar com um bocadinho mais de pressa, não me penteio e disso nem quero saber; quando souberes isto tudo, não quero que todos os outros saibam também.
Está bem?


Amo-te.

23/11/2010

J. #8

- Sabes que às vezes, quando estou contigo, o teu cheiro fica na minha roupa?


Depois, quando te vais, sei que te vou encontrar em mim própria. Às vezes ando louca numa desesperada procura de um pouco de ti entre os meus tecidos ou cabelos. Às vezes, mordo os lábios na tentativa de agarrar um pouco do nosso último beijo. Às vezes penso que te vou achar quando menos esperar mas enquanto isso espero-te. 
E o que me sabe a chocolate é quando, depois de desistir e de já aceitar que só o dia de amanhã te trará de volta, a tua essência se cruza no meu caminho.
Como dois estranhos que se esbarram e, em slow motion, descobrem a paixão.
Como o momento do filme em que ele morre e ela lhe agarra a mão.
Como o hate sex das séries e, espero eu da vida real, que sempre é amor.


É assim, quando sinto o teu cheiro. E quando se vai, procuro-o outra vez em mim mas já se foi, tu já foste, mas fica aquela sensação de frescura que só tu sabes provocar. E gosto-te, e desejo-te, e amo-te e quero-te ali. Mas só a tua essência repentina ou o amanhã te trará de volta.
Então fico-me desistente, como se outra coisa uma mente apaixonada pudesse ser.

as loiras dominam o mundo e eu.. saí morena

Mas quem era aquela porra daquela loira pendurada no ombro daquele pedaço de mau caminho que ainda no outro dia era meu?
Não é que me importe mas sinceramente, escusava de ter o descaramento de o fazer ali, no meio do café onde estávamos os dois, quase frente a frente, mais um bocadinho estávamos a almoçar juntos.
Estas loiras de hoje em dia..


P.S. Expressões em itálico têm direitos de autor: elas

22/11/2010

o que é a morte?

Descobri, finalmente!, o blog do FR.
É fantástico ler as coisas dele. Descobre-se tanto. Descobre-se uma vida inteira com palavras que se postam na net para que, quem vier e tiver paciência - ou curiosidade, como uns e outros como eu - nos dispa e saiba de tudo.
O meu blog está no sigilo dos deuses mas não o dele, o dele qualquer pessoa pode ler porque ele não esconde que o tem. 10-0 para o FR.
O título é plagiado, o título é dele.
talvez não devesse fazer isto , mas queira ou não, vou fazer publicidade, porque gostando dele ou não (e até é simpático) acho que os textos dele merecem publicidade. E por os ter lido sinto-me quase obrigada a tê-los em conta amanhã, e depois, e depois, porque não me vou fartar de o seguir, cá no meu canto, sem deixar rasto, sempre discreta, e que se lixe que ele, com isto, me esteja a dar 20-0.
E de volta ao título, o que é a morte?
Na verdade, eu preferia, ao contrário dele, saber responder à pergunta em vez de lhe dar um rumo oposto e falar da vida e, perseguindo-a, do seu fim. Até porque, para início de conversa, eu não considero a morte um "triste fim". E a pergunta "Porque vivemos? Faz sentido?" Para mim, a vida faz todo o sentido. Na verdade, nada faz tanto sentido, já que a vida é o sentido da nossa existência. Estamos aqui para ocupar espaço, para consumir, poluir, dar pontapés na economia, estamos aqui para ser felizes ou infelizes, fazemos diferença à nossa volta, fazemos diferença por onde passamos, fazemos diferença e faz diferença cada gesto. Nós estamos aqui e o sentido disso não é fazer história. Quem não gostava de fazer história, ser grande, ser gigante, quem não gostava de ser um ícone? Quem faz história aparece nos grandes livros e nós, estudantes, estudamos esses durante gerações. Sinceramente, quem faz história teve uma boa vida mas é uma chatice para mim, agora. A história que os outros fizeram é um fardo do caraças. 


Segundo o meu primo de oito anos, a morte é uma estrela brilhante no céu.
Segundo a minha mãe, a morte é a nossa energia transformada noutra coisa qualquer que não gente. Talvez vento, talvez ondas.
Segundo o Zé, é um estado a seguir. E quem sabe mais?
Segundo a Mag é uma coisa escura e sinistra como aquelas figuras do Harry Potter.


Concordo com ele quando diz que uma vida longa não é sinónimo de completa nem uma vida curta é sinónimo de incompleta. Eu sinto-me quase completa, o que me falta já a coisa escura e sinistra do Harry Potter levou, já se encontra num estado a seguir à vida, já é ondas ou vento ou, a minha teoria preferida, é uma estrela brilhante no céu. E tretas à parte, a morte é muito mais que uma definição. Mas, tretas filosóficas à parte, todos temos algo a dizer sobre isso.


E, para mim, a morte é sim uma estrela brilhante no céu, meu anjo pequenino. A morte é um sítio seguro onde se ganha um bocadinho mais de poder sobre a vida dos que amamos e então cuidamos.
Nunca vi ninguém que não se queixe da vida. Eu própria, e quase tenho vergonha de o dizer, já me queixei da vida. Não é que a minha felicidade resida na tristeza dos outros, mas sinto tantas vezes que vivo nas nuvens.
Raros são os momentos em que me sinto sete palmos abaixo da terra. Sinto-me quase sempre nove metros acima das estrelas. E quem se queixa da vida todos os dias dá-me cabo do juízo. Quem não gosta da vida que leva que se mova, que aja, e, ainda que o espaço de manobra seja estreito, que se chegue para lá um bocadinho, porque na mente não há paredes, o estreito não existe. E, como é sabido por todos, é na mente que tudo começa.
Não o devia ter criticado por ter fugido ao assunto, também eu fugi para muito mais longe.
Algo é certo: a morte não é o triste fim. Poderá ser, na pior das hipóteses, lenços e anti-depressivos na vida daqueles em que o morto fez história. 
Mas a morte não é o triste fim nem a vida é um sem-sentido.

18/11/2010

tive saudades tuas, principe

Fiquei mesmo eufórica!

Sentia saudades tuas de uma maneira diferente.
Normalmente, quando chegas do trabalho, sinto ainda bem que aqui estás, abraça-te a mim e nunca mais me largues. Mas não hoje.
Hoje, só queria agarrar-te e andar à porrada contigo, trocar beijos asfixiantes, jogar às escondidas, fazer torradas e leite quente, ver séries divertidas e tudo o mais. Logo hoje que me disseste que não sentes as pernas.
Mas ia chatear-te até à exaustão, tanto, tanto que ias desejar que eu sentisse a pouca energia que tu estavas a sentir para que caísse a dormir. Mas não. E ias estar tão farto que ias adormecer e a tua serenidade seria a minha finalmente. 


E também eu adormecia, abraçada a ti, para nunca mais te largar.

16/11/2010

what if

Então, e se hoje fosse o último dia? Ou amanhã?
e se o futuro fosse uma dimensão inexistente e o meu passado fossem memórias esbatidas na mente de quem foi parte da minha vida?
(...)
E depois descia as ruas mais um vez, e sentava-me na esplanada onde o J. já me esperava, com os amigos. Não fumava à frente deles, nunca o faço, dizia-lhe como sempre num sussurro "podes vir ali atrás comigo?" e ele, cedente aos meus caprichos, iria. Então ia beijá-lo até não dizer chega e ia dizer-lhe que, de verdade, o meu sonho é casar contigo, que chegasse o dia em que te ajoelhas à minha frente, e dessa vez seria a sério, com uma pequena caixa elegante e depois do "Queres casar comigo?" ias abri-la e um pequeno anel prateado, discreto, simples, ia brilhar lá dentro com quase tanta intensidade como o nosso amor faz brilhar os meus olhos. E sentir a emoção que é, ao entrar de branco num altar onde seria a mais bonita, ver lá ao fundo o homem da minha vida que és tu, num smoking preto elegante a assentar-te perfeitamente, e pensar que é hoje o dia em que serás meu para sempre e para sempre serei tua, que agora sei que todos os sonhos que idealizámos eram o rascunho do nosso futuro e que é ainda mais mágico do que pensava. E quando a minha aliança deslizar e a tua também, estaríamos unidos para sempre. No papel, no acessório. Porque unidos para sempre, já estamos hoje. E amo-te como a ninguém.
E dir-te-ia que sim, estou sensível e pirosa, que deve ser do período.
E por fim teria que lhe dar um último beijo, sem que nenhuma lágrima escorresse, sem que nenhum gesto a mais existisse. E porque amanhã nos vemos: até amanhã.
(...)
E jantava, passeava o meu cão, dava-lhe muitos beijinhos e pedia que sempre tomasse conta das minhas irmãs, e beijava cada um deles e diria "Boa noite". E, de um modo ou de outro, depois de muito sonhar como seria voltar a Viana, depois de acabados os cigarros e as músicas do mp3 terem dado inúmeras voltas, ia deslizar para um outro mundo paralelo ao nosso. Não o dos sonhos... outro.
Aquele onde tu estás, Pai.                                                           A vida é rápida demais.












P.S. Este blog tem imagens lindíssimas >

11/11/2010

outra vez?

parece que sim. terceira consecutiva. talvez seja verdade, mas as manhas conheço-as eu bem. talvez isso faça de mim demasiado desconfiada, mas não me parece o caso. talvez o exagero esteja, mais uma vez, a apoderar-se de mim. talvez ele não seja o mau da fita que eu estou a pensar, neste momento, porque em todos os outros ele é o protagonista do meu romance.
ou talvez ele seja mesmo o mau da fita e nada do que me disse seja verdade, e isto seja mesmo a farsa como eu fazia as minhas e, venha a igreja, talvez tudo isto seja castigo de Deus pelos pecados que cometi. devia ter-me confessado. talvez não seja exagero meu, talvez seja tal e qual o que estou a pensar.
estou farta de ficar assim. os seis anos de diferença sempre se notam. não só no facto de ele trabalhar e eu não; de os amigos dele terem carro e ele não.
há coisas que nos distinguem e, se quem de fora visse e se baseasse nelas, diria que eu tinha a sua idade e ele a minha. a independência dele é a mesma da de um doente a respirar graças às máquinas. ele está apenas um ano à minha frente na escola (tanta merda que andou a fazer, tanto tempo que perdeu nem sei bem como..) e todas as mentiras que conta. Isso distingue-nos.
E tudo isto ele, com mais ou menos esforço, podia mudar. mas mudar para quê? ele é ele.
e eu não sou ninguém para alterar um risco que seja da pintura.

10/11/2010

J. #7

Só.. nunca me deixes ir, está bem? Eu queria que isto durasse para sempre ©

09/11/2010

J. #6

                                                         Não me desiludas nunca mais

08/11/2010

sincero demais, longo demais e no entanto, não chega pra explicar

Não é culpa minha.
Não escolhi amar-te e querer amar-te para sempre.
Só quero a tua sinceridade.
Detesto tentar irromper a tua alma e não conseguir; olhar-te nos olhos e não ver mais nada que azul. Nunca te consegui trespassar, e isso encanta-me e sufoca-me.
Queria ver tanto mais que isso. Podia desconhecer tudo o resto, só queria ser capaz de distinguir a verdade da mentira. A fachada da sinceridade.
É isto que sou. Sou pouco mas o pouco que sou é teu. E não tenho absolutamente mais nada pra te dar e nada do que tens te vou tirar.
Não suporto a ideia de não te ter. O teu ser está em mim, é parte de mim. Respiro a tua alma, vivo dela, sou feliz se és feliz e não sou se não o fores.
Viver sem ti não cabe dentro de mim. Pode ser porque sem ti fico pequena demais para que seja o que for caiba em mim; ou porque é uma dor grande de mais para mim. Não é ciência, é mais complicado, e é um segredo que espero nunca ter que desvendar. Que fique fechado a sete chaves para o resto das nossas vidas.
Os meus desejos vão durar uma vida: Desejo viver contigo tudo aquilo que com mais ninguém faria sentido. Desejo fazer amor contigo, desejo passar dias e dias a teu lado, saber que vais sempre voltar, desejo sentir daqui a vinte anos a mesma paixão que sinto hoje, desejo que o amor tenha crescido tanto que lhe perdi a noção. Desejo viajar contigo, descobrir o desconhecido. Contigo.
As promessas que te faço são eternas: Prometo cuidar-te, prometo dar sempre o melhor de mim, prometo viver tudo o que hoje sonhamos se quiseres viver comigo estes sonhos. Prometo deixar-te ir se assim decidires, prometo ser-te sempre sincera, prometo procurar sempre uma solução, prometo ser feliz contigo. Prometo tentar não te cansar, prometo tentar fazer-te feliz, prometo tentar dar-te o melhor deste mundo, prometo tentar resolver os teus problemas como se fossem meus e viver a tua felicidade como minha.
Prometo amar-te, para sempre.



01/11/2010

Bairro Alto

Oh deus não, com aquela gente mais não.
Teria sido excelente - com outras pessoas.