Desde as duas da tarde que a vontade de sair nos estava a consumir.
Tivemos um dia longo. Saídas das aulas, fomos directamente para a paragem onde iríamos apanhar a 114: destino Amadora. Uma carga de água, cabelos e roupa encharcados, tal e qual saídos de um banho mas esquecidas de que nos devíamos ter despido.
137: destino Dolce Vita Tejo.
Claro que foi bom, sempre é, mas cansou e quando finalmente chegámos à terra delas já estava escuro e ameaçava chover. Felizmente, enquanto eu esperei pelo meu autocarro não choveu.
Só que ele ignorou-me, então corri tudo até lá abaixo porque caso contrário só chegaria a casa às oito e meia da noite. A morrer de asma, calor e frio ao mesmo tempo e a desejar matar o condutor, consegui - com bastante sucesso, até - apanhar o meu autocarro e chegar a casa.
Casa. Banho, jantar, passear o cão, e pronto, já estávamos na casa da C. de onde saímos.
Noite, música, rapazes. Um ofereceu-me uma rosa (que perdi). Amoroso. E de resto não me lembro. Sei que vomitei. Meu Deus, não quero que uma noite assim se repita, foi horrível e sei muito bem que lhes estraguei a noite porque quanto isso aconteceu à C. eu fiquei com vontade de a matar.
No final da noite, vinha eu a morrer e a Di., que veio cá dormir (e que por acaso eu beijei no bar. Porque ela decidiu dizer aos rapazes que nós somos namorados porque eles se estavam a atirar que nem loucos, e um dele agarrou-se à minha cintura, pelas costas e disse, beijem-se, vá, eu gosto de ver. E tanto me chateou que me fartei e lhe dei um beijo. Sem língua. Nada que me faça sentir culpada pelo J. porque só me irritei, a Di. é minha amiga e - ainda que ela seja bi - não sentimos absolutamente nada amoroso uma pela outra) bastante alegre.
A cereja no topo do bolo foi a minha irmã ter deixado a chave do outro lado da porta, o que faz com que eu não entre. Faz sempre o mesmo, e desta vez disse-lhe expressamente que não deixasse mas de que adiantou? De nada. Dormimos naquelas escadas de mármore até às sete da manhã. Ela dormiu bem, mas eu estava sempre a acordar, a telefonar à M., cheia de frio. Sete horas pareceu-me razoável. Toquei à campainha e a minha mãe abriu logo. Ela é louca: com sono, nunca repara que estou bêbeda e esta vez não foi excepção. Palavra do Senhor: Graças a Deus - acho que fiquei viciada na missa.
Então finalmente ela pôde fazer chichi, eu pude meter-me dentro de roupas e mais roupas e mantas, na cama, finalmente na cama, a dormir até às três da tarde.