29/09/2011

Porto @ 8

Sinceramente, não sei o que pensar, o que fazer, para que lado me hei-de virar.
Não sei do que hei-de desistir, virar costas.
De ti, parece que desisti mas não, nunca. Aos olhos de todos, sou quase plenamente feliz.
Mentira. Fui plenamente feliz nos tempos em que fui tua, nos tempos em que te abraçava, nos tempos em que eras meu.
Isso era ser plenamente feliz.
Agora, vou-me satisfazendo com o que tenho. Não posso dizer que sou infeliz - mentiria.
Mas uma coisa é certa: aquilo que me fizeste sentir, os lugares que me fizeste alcançar, a magia que sentia contigo, a cumplicidade que nos abraçava, isso nunca mais senti desde que tu e eu nos desfizemos.
Quando vejo fotografias tuas, olho-te nos olhos, aprecio com cuidado o teu sorriso, as tuas feições.
Não sei, devo ter esperança que me fales, me sorrias ainda mais, devo ter esperança em tudo aquilo que sei que não acontecerá.
Sou louca, ou pelo menos estou a ficar.
Preciso de ti e daquela coisa que me costumavas fazer sentir.
Aquela coisa... vida.

28/09/2011

Porto @ 7

Sonho mais, choro mais, penso igual, durmo menos, escrevo mais.
Creio mais. Na tua vinda ou na minha ida, essa é a parte menos importante - creio mais em nós.
É estranho. Quanto mais longe, mais perto, quanto mais sinto a tua falta, mais acredito que se morrermos separados, é impossível morrermos de coração cheio.
Ultimamente não era assim, ultimamente eram outras coisas, mas agora espero-te de noite, durante uns segundos.
Procuro-te nas estrelas e no horizonte. E depois procuro-te na estrada, onde apesar de tudo é o lugar mais provável de te ver, procuro-te na rua. Por vezes vou já de lágrimas nos olhos, desfeita, sabendo que te podia esperar durante mil anos, nunca irias aparecer; outras vezes sou Rainha da Esperança, durante um instante acredito que hás-de aparecer, nessa mesma noite, ali mesmo, a poucos metros de mim.
Hoje não apareceste. Choro sempre um bocadinho quando fecho a janela e os cortinados.
Todas as noites desejo ver-te. Vejo-te, sonho-te, juro que te vejo lá em baixo, a olhar para cima, juro-te que vejo os teus olhos, o teu rosto, o teu corpo, juro que te vejo. Mas sei que se descer as escadas, sei que se - tentar - correr para ti, sei que se te quiser tocar, ouvir a tua voz, vais desvanecer-te. Então prefiro só ver-te um bocadinho, e depois ir dormir, de lágrimas nos olhos, de saudades apertadas, de sonhos desfeitos.


Mais importante que esse sonho que se desfaz todas as noites, é aquilo em que continuo a acreditar, é o que o coração me diz, é o que o destino escreveu: tu e eu somos um só, e um dia, as nossas chaves de casa vão abrir a mesma porta.
Um dia hei-de ter no dedo uma aliança com o teu nome.
Um dia vamos voltar a estar juntos.
E noutro dia, será para sempre.
O nosso "boa noite" vai ser lado a lado.
PARA SEMPRE.

26/09/2011

Porto @ 6

Sinto a tua falta sempre, mas há aqueles momentos em que saudade nos abraça e nos aperta, e depois quase nos esgana, sufoca.
Li há uns dias uma frase que dizia "dizem que a distância faz esquecer, mas esquecem-se que a saudade faz lembrar". Claro que quando li isto a tua imagem, a tua voz, o teu olhar e tudo o resto me veio ao pensamento no mesmo instante.
Há tantas músicas que me fazem pensar em ti. As que tenho ouvido ultimamente lembram-me principalmente o dia que passei no Porto. O teu território, os teus companheiros, o teu lugar, o teu cheiro, os teus passos, as tuas histórias, todas ali, naquelas ruas.
Sabes o que me dói lembrar-me desse dia? Só me lembro de ti na estação, parado mesmo em frente à carruagem de onde saí, como se o destino não quisesse fazer-nos procurar-nos nem mais um segundo, como se tudo, até a brisa, nos levasse ao encontro um do outro.
Tinhas vestida uma camisa linda. Estavas bonito como nunca. Os teus olhos brilhavam, lá em cima, a quarenta centímetros dos meus. Abracei-te como sempre, com a mesma força de sempre, e ainda mais amor do que da última vez porque o meu amor cresce todos os dias mais um bocadinho.
E tu, como sempre, perguntaste-me "já não chega? Posso dar um beijinho à tua irmã?" Tal e qual como em Santa Apolónia, as mesmas palavras, mas em Lisboa perguntaste-me se podias dar um beijinho a Jess.
Lembro-me de passar a viagem de braço de fora, de sonhar com o nosso futuro a cada metro de alcatrão que percorremos, a cada pedra da calçada.
Lembro-me de dizeres: "no Porto tens tudo. À tua frente, uma vista linda para o mar, aqui neste lugar tens a história, e atrás de nós tens um lindo jardim e a estrada que mostra a beleza e o movimento do Porto".
Foi o meu lugar preferido. Onde te perguntei "Queres namorar comigo no Porto? Já namoramos em Lisboa, agora passamos a namorar no Porto."
E tu respondeste-me tudo o que eu queria ouvir: Nós namoramos seja onde for.
AFRICAN QUEEN, YOU AND ME. São as melhores.


Depois, há as músicas que me fazem lembrar o Algarve, Praia da Rocha, o nosso amor a nascer, as nossas escadas, o nosso bar, contigo, tudo me parecia nosso, podíamos dominar o mundo. No entanto, tudo o que queria no mundo inteiro eras tu - ainda és, por sinal - e a alegria que me fazias sentir, tudo o que queria era ter-te sempre, para sempre, tudo o que queria era amar-te incondicionalmente, e na altura talvez ainda não soubesse que este amor ia ser tanto mais que amor de Verão.
Comecei a saber. Depois das noites e dos dias passarem, depois da cumplicidade que criámos, passei a saber que seríamos muito, mas muito mais, que uma paixão curta mas breve, de Verão.
Acreditei em nós com toda a alma e coração, com todas as minhas forças, com tudo o que sou, acima de todos os meus sonhos, acreditei em nós.
GIVE ME EVERYTHING, OUR LAST SUMMER.


Lisboa.
Primeira vez que realmente fizemos amor. Primeira vez que dormimos juntos. Primeira vez que vivemos juntos e foi esplendoroso, e amei-te a cada segundo, e cada vez subimos mais alto, cada vez éramos mais e melhores e passear contigo na rua fazia-me sentir rainha, rainha das estrelas e do luar, rainha do sol, das ondas, rainha do universo. Rainha da vida, do amor. Fazia-me sentir que só tu e eu é que sabíamos exactamente o que era ser feliz.
EU TE QUERO SÓ PRA MIM, BEAUTIFUL.


E Viana.
Onde voltámos a fazer amor, onde pela primeira vez saí só com uma pessoa como companhia e foi uma noite que nunca esquecerei, onde pequei até não poder mais. Onde assumi, pela primeira vez, a toda a família: este é o meu namorado e eu vou beijá-lo aqui, vou dar-lhe a mão e mostrar carinho por ele, eu faço porque amo e quando se ama não se resiste.




"Don't have much money but
Boy if I did
I'd buy a big house where
We both could live.
(...)
And you can tell everybody this is your song
It may be quite simple but
Now that it's done
I hope you don't mind
I hope you don't mind
That I put down in words
How wounderful life is
Now you're in the world".


Sabes o que mais quero? Deixar tudo para trás. 30€. Suficiente para ir, nunca para voltar. Um comboio.
Quero-te a ti. Para sempre, meu amor.


Queres casar comigo?

25/09/2011

Porto @ 5

Vou-te ser sincera. Pelo menos aqui, nestas linhas que não lês, posso ser sincera sem ferir e sem pensares que te tento enganar.
Sinto-me bem com ele, sou feliz. Rio-me com sinceridade e para mim é um prazer estar com ele, dar-lhe a mão, brincar, conversar, fazer amor, tomar banho. Para mim é bom tê-lo, passear com ele, viver a vida a dois tem sempre mais piada.
Vou-te ser sincera de novo.
Não senti, nem por um segundo, que ele pudesse ser o homem da minha vida. Gosto dele, do coração, gosto de verdade e é das pessoas com quem me dou melhor sem conhecer assim tão bem. Acho que podíamos perfeitamente viver na mesma casa sem confusões, excepto as naturais, claro, e acho que até podíamos viver juntos e felizes para o resto das nossas vidas.
Mas com ele, falta-me a alegria que sinto contigo. A vontade histérica de viver, de amar, de aproveitar cada passo que dou contigo ao meu lado, de observar cada gesto teu, beijar cada pedaço.
Não é uma coisa pela qual ele possa lutar, não é uma coisa que ele possa criar, ou que possa até crescer com o tempo. É uma coisa que das duas, uma: ou se tem, ou não se tem. E como é fácil perceber, eu e ele não temos isso.
Para além de que não encontro nele honestidade e isso eu preciso. Porque fala-me de sinceridade mas é-me sincero em coisas menos importantes. Na verdade, até quando é sincero, às vezes, está a mentir e eu sei, mas sendo eu, nunca confronto.
E até podia ser apenas um defeito dele que o afastava de mim.
Mas para além disso, é um defeito dele que se bem me lembro é uma qualidade tua.
A tua honestidade podia magoar, mas nunca me magoavas. A tua honestidade levou-te a Lisboa.
A tua honestidade é das coisas mais bonitas de ti.


E hoje, ainda que feliz e ainda que beijando outros lábios, sinto a tua falta e quero-te como sempre te quis.


Sei que hás-de ser meu
E sei que havemos de casar.
Porque tu e eu, meu amor
Somos ainda uma história por contar.                                                            25/Setembro/2011

18/09/2011

Porto @ 4

Tenho tantas saudades tuas.
Do teu abraço, dos teus olhos redondinhos, tão lindos, do teu beijo.
Tenho uma saudade louca de sentir aquilo que sentia contigo.
A alegria que me faz sentir que somos só tu e eu, que o mundo é feito de nós, do que estamos a sentir e a viver.
Sentir que é por estarmos juntos, por darmos as mãos, por fazermos amor, que o sol brilha de dia, que a lua chega de noite, que as ondas rebentam e o mundo gira. Sentir que somos o motivo de todas as coisas boas da vida. Sentir que juntos, somos a melhor coisa da vida.
Tu és a melhor coisa da vida.
Tenho andado distraída mas penso em ti todos os minutos. Então agora, que as festas estão a chegar, que a música já se começa a ouvir... só as tuas músicas, só as palavras que já me cantaste ou que eu silenciei: "Se tem mulher solteira dá um grito que eu quero ouvir", e eu olhava para ti,cerrava os lábios e, diferente do Algarve, ficava em silêncio e até com o corpo parado, até que voltava a agitar-me e a cantar. Isto em Viana.
As coisas estão a mudar. Até tenho quem me faça feliz, por estes lados, até tenho quem me beije, me abraça e me aqueça um bocadinho.
Mas não me aquece o coração, não me beija nem abraça como tu.
Tu sim, aqueces-me. Corpo e alma.
É a diferença entre sentir-me feliz e sentir-me nas nuvens, entre sorrir e sentir-me repleta de felicidade, é a diferença entre gostar e amar.
É a diferença entre ti e ele.
É a diferença entre Lisboa e o Porto.                                                                   18/Setembro/2011



15/09/2011

Porto @ 3

Posso estar a ter das melhores tardes da minha vida. Ou mesmo que nem tanto, pode estar a ser uma tarde descontraída como tantas, com amigos, cartas, tabaco e talvez umas quantas cervejas.
E posso estar realmente bem, esquecida, despreocupada, de cabeça no ar, cem por cento ali.
De repente, há sempre alguma coisa que me faz pensar em ti.
Há tanta coisa com que te identifico. Tabaco bem batido, uma certa posição na cadeira, todo recostado para trás e com o queixo apoiado numa mão. Imperiais. Uma sueca bem jogada, um gesto que ninguém entende.
Sorte a minha que é raro ouvir-se pronúncia do Norte cá em baixo.
Mas há mais. Tantas vezes se ouvem músicas que me fazem pensar em ti, são tantas, mais as que me lembram de ti que as que não lembrar, até aquelas que nunca ouvimos juntos parecem estar escritas para nós, aquelas que falam do para sempre feliz e também aquelas que falam da distância.
Tudo és tu.
Queria ir aí amanhã mas não tenho coragem. Quero tê-la. Mas há corações aqui, apaixonados, que me têm dado tudo.
Não sei que fazer, para que me lado virar.


Amo-te mais que tudo, quero casar contigo para sempre.
Sei que ainda vou beijar esses lábios mais de mil milhões de vezes.                  15/Setembro/2011

11/09/2011

Porto @ 2

A minha tia acha que devemos ficar juntos.
Sabes, aquela minha tia que te adora. Tu sabes. A pequenina, boazona e rica, aquela que dança contigo, que se derrete só de nos ver juntos.
Ouvi há pouco das palavras mais bonitas de sempre: "Se gostas dele, agarra-te a ele. Vocês são lindos juntos, dão-se bem, têm uma cumplicidade enorme, ele é um querido, um doce".
É puramente verdade. Às vezes irritas-me. Profundamente. Às vezes só te quero bater, deixar de falar, às vezes és estúpido mas amo-te, amo-te mais que tudo.
A minha tia diz-me para te telefonar, que para o próximo fim-de-semana me dá "uns dinheiros" para me meter num comboio e ir ter contigo. Para ficarmos juntos para sempre, apesar de separados.
Não sei se tenho coragem. A distância magoa-me.
Também não sei se tenho coragem de magoar outro coração com tanto desplante.
Não tenho tido muita coragem para a vida, ultimamente.
Tenho chorado sem parar. Adormeço e acordo a chorar, e às vezes palavras e expressões que largaste cá, às vezes só de ouvir o teu nome da boca de alguém, choro quando estou no meio da rua, pareço louca mas não sou. Só tenho o coração partido.
Adormeci tarde, levantei-me cedo. Tomei banho, pus os óculos na cara, o maço no bolso e fui para o jardim. Fiquei lá a chorar desalmadamente, sentada num banco, até que me chamaram para almoçar.
E subi as escadas com um esforço sobre-humano, de pernas pesadas, mente pesada, com o coração caído aos pés, a rastejar, a magoar.
És o meu amor, e a minha tia sabe da vida, sabe pelo menos mais que nós os dois juntos, e as minhas amigas que me dizem que Contos de Fadas não existem, e os meus amigos que me fazem acreditar que preciso de alguém mesmo ao meu lado, todos os dias, todas as noites e segundos.
A minha tia fez-me acreditar de novo. A minha tia adora-te e tem mais força que eu. Bem, e dinheiro.
Amo-te loucamente e quero voltar para ti. Como ela disse, "vocês vão estar juntos num fim-de-semana, e quinze dias depois, e no fim-de-semana seguinte, e um mês depois, até que um dia estão lado a lado para o resto da vida. Além disso, eu quero sobrinhos grandes!".
Comecei a chorar ainda mais, mas enquanto sorria também: "e eu quero filhos".
Namora comigo, casa comigo, vamos ser felizes para o resto da nossa vida.
Só que digo isto hoje, amanhã já perdi as forças, amanhã não quero partir corações, o amanhã nunca se sabe. Mas eu sei, que apesar disto tudo, eu quero que o amanhã seja contigo.


Amo-te sempre.                                                                                                            11/Setembro/2011

10/09/2011

Porto @ 1

Hei-de escrever-te até ao dia em que te esquecer. Talvez te escreva para sempre.
Hei-de sonhar que recebes as minhas cartas, estas cartas, como são hoje em dia, escritas com uma letra que não é a nossa, escritas com letras falsas. Hei-de sonhar que lês estas cartas que nem tenho coragem de enviar. Hei-de sonhar que os nossos dias afinal não acabaram, e que isto não são só memórias e alucinações, hei-de sonhar que nunca estivemos separados. Hei-de sonhar com tudo o que vivemos e tudo o que ficou por viver. Hei-de sonhar que o Porto é o nome da rua a seguir à minha, hei-de sonhar que moro a três minutos de ti.
Hei-de sonhar que somos quase como um só, de mãos dadas por todas essas ruas.
Hei-de escrever-te. Hei-de ouvir as músicas que ouvi contigo, cantei contigo, dancei contigo, hei-de ouvir as músicas que testemunharam o nosso amor, as letras que sei de cor, hei-de lembrar-me do ritmo que seguíamos enquanto fazíamos amor.
Hei-de sonhar-te toda a vida, porque já falei muito, já escrevi muito, e só agora sei que a todos escrevi demais, porque essas palavras que usei eram tanto mais que a realidade. A realidade do amor, da dor, a real felicidade, plenitude, está em ti e em mim, quando juntos.
A realidade da vida está em nós. Está no meu riso contigo, no meu corpo contigo, na minha alma contigo, a realidade da vida está em NÓS, TU e EU é a única realidade que quero viver.
Não sei porque fiz isto. Perdi o controlo da minha própria vida, perdi a crença no Conto de Fadas que queria viver, perdi tudo, perdi-me.
Hei-de escrever-te mil cartas. Destas, sem coragem, estas que não se enviam, estas que vão ficar por ler.
Hei-de dar-te nestas palavras este mundo e o outro, tudo aquilo que te queria dar, hei-de dar-te os sonhos, hei-de contar-te como correu o meu dia, hei-de chorar e sorrir contigo, porque cá dentro, no meu coração, sou tua e não quero deixar de ser.
Sem ser tua, sou de quem? Não quero ser de mais ninguém. Eu sou tua, mesmo longe, mesmo não sendo, quero que saibas.
Não sou minha, não sou do mundo, não sou da minha mãe nem do céu nem do nada. Sou tua. Plenamente. Neste estado de meia-vida, neste estado de meia-morte, sou tua, todas as manhãs, tardes e noites. Todas as madrugadas. Sou tua em todas as ondas que rasgar, em todos os sorrisos que se rasgarem, sou tua em todas as lágrimas.
Sabes o que é querer-te acima de tudo na vida? No mundo?
Perguntei-te isto hoje, disseste-me que sim, mas acho que não sabes.
Acho que não entendes que dava tudo o que tenho, dava tudo o que me preenche, dava tudo o que completa os meus dias, o que me alimenta, o que me faz rir. Dava o dinheiro que não ia significar nada, dava amigos, dava mortos e vivos, por mais horrível que isto possa soar. Dava virtudes, dava facilidades e dava tudo aquilo que antes julgava ser importante e afinal, eu podia muito bem viver sem isso. Abdicava deste mundo e do outro para saber que afinal estávamos enganados, que afinal a vida é fácil, que afinal eu não fui mais fraca as dificuldades que ela traz, que afinal, no final, moras mesmo aqui ao lado e sim, poderíamos passear de mãos dadas por todas estas ruas, e exibir o amor, arrogantes, divertidos, à chuva e ao sol, noite e dia, contigo, haveria de deixar um rasto de amor por onde quer que passasse.
Dava tudo. TUDO. Entendes o que é tudo?


Porque se te tivesse de novo, meu amor, aqui perto como sempre te quis, eu teria este mundo e o outro de novo, teria tudo o que preciso. O nosso amor alimenta-me, faz-me esquecer a fome do que não preciso de comer, faz-me esquecer a sede do que não preciso de beber, o nosso amor aquece-me. O nosso amor faz-me rir, o nosso amor preenche-me.
O nosso amor faz-me esquecer as coisas más da vida.
O nosso amor é um lar.
Tu és.


Tudo. Dava tudo.                                                                                    10/Setembro/2011

05/09/2011

J. #35

São provavelmente as últimas palavras que te escrevo.
O derradeiro resumo de tudo o que fomos.
1 ano. Há um ano fui realmente feliz. Foi uma noite inesquecível.

Passou um ano e ainda não esqueci um momento, uma promessa, uma palavra.
Passou um ano e ainda sei que te tenho escrito nas mãos, porque eu e tu fomos parte do que sou.


Fomos um mundo.
De cor, de movimento, de amor. Eu e tu éramos o amor. Em nós, à nossa volta, nos nossos beijos. Eu e tu já fomos tanto que mal consigo acreditar que agora sejamos tão pouco.
Há um ano eras a minha vida. Dava tudo por ti, abdicava de tudo.
Há um ano eras tudo o que tinha, tudo o que os meus olhos viam. Eras os meus sentidos, os meus suspiros, os meus sonhos.
Preenchias cada pedaço de vida em mim, cada segundo, cada passo eras tu.
Brilho dos meus olhos, força das minhas pernas, motivo do meu sorriso.
Foste tudo.


E um dia, o meu coração que estava tão entregue, tão teu e de mais ninguém, meu coração frágil, nas tuas mãos, o meu coração que cegamente acreditava que este amor seria eterno, o meu coração que só batia por ti... desfez-se.
Foram mil pedaços, muito mais que mil lágrimas.
Juro que me senti morrer. A vida perdeu o sentido. A música perdeu o ritmo, e eu perdi as razões para sorrir. Um dia deixei de dormir e comecei a tomar café, deixei de escutar e passei a ouvir.
Um dia o tempo passou por mim e eu nem dei por nada, os meus dias eram luto, cinzentos, tristes, tão tristes, sem ti.
Porque tinha perdido o que julgava ser tudo.
Porque te desfizeste de mim e eu desfiz-me em mim mesma. Porque os meus lençóis ainda guardavam o teu cheiro, o meu coração ainda guardava os sonhos e tudo à minha volta ainda guardava as recordações.
Tudo eras tu, e toda eu era nada.


E depois compus-me. Sem ti, mas às tuas custas. Levantei-me, pedaço a pedaço, fiz-me mulher. Fiz-me à vida. E primeiro voltei a sorrir, voltei a escutar, voltei a dormir.
Voltei a correr quase ao ritmo da vida, voltei a dançar. Mas só depois deixei de chorar.


E só aí é que voltei a viver.


1 ano.


É  triste que agora sejas tão pouco. Quando temos tanto, temos muito a perder. Tive tanto, e perdi tanto.
Mais triste ainda, é que como dizem, tudo o que um dia foi realmente nosso, vai sempre voltar.


E eu e tu, estamos mais que acabados. Para sempre, eu sei que sim.


1 ano.