16/10/2011

BACK TO LIFE

Bem, a minha vida parece um filme.
Mas um granda filme, mesmo.
Acho que nunca antes tinha tido um Verão tão atribulado, e mesmo já estando em Outubro, parece que nunca mais acaba.
De qualquer forma, agora vou voltar à vida.
Mais que sabido é que a minha vida mora no Porto.
Vivo longe dela mas, de vez em quando, vou vê-la, visitá-la, beijá-la.
Mas é sempre melhor ter uma vida e sabê-lo mesmo quando não a temos por perto, do que tê-la e não a ter.
Há loucos à solta, há imensos, mais do que podemos passar. E quando se quer conhecer o mundo e a gente, quando se dá confiança a mais, quando se crê demais, claro que a probabilidade de nos cruzarmos com ele aumenta.
A verdade, é que sou o tipo de pessoa que sente compaixão pelos loucos, que os quer abraçar e curar, amar e dizer que vai ficar tudo bem.
E podia escolher esse caminho. Se não houvesse o Porto, se não houvesse um amor mil vezes maior que a compaixão.
E não o escolho por opção ou por segurança.
Escolho-o porque esse amor me salvou, porque ELE é o meu futuro marido, se ainda quiser casar comigo, se ainda me quiser amar depois de saber que há-de casar com uma grandessíssima estúpida.


De qualquer forma, o tempo cura tudo e é só isso que tenho que dar a esta situação.


Porque EU VOLTEI.

Porto @ 10

Meu amor, 


é a última vez que te escrevo.
Tinha dito, há apenas nove cartas atrás, que te escreveria até te esquecer, que talvez te escrevesse para sempre.
Pois bem, pelos vistos, menti.
Agora, desisti de te escrever e de te amar sem ninguém saber - só tu e, ainda assim, sabia-lo cheio de dúvidas, que tinhas todas as razões para as ter.
Sinto-me fraca, porque o sou, e estúpida bem... ambos sabemos que o sou ainda mais.
De qualquer maneira, agora vou atrás de ti.
Agora vou amar-te de corpo inteiro e assim que puder, o mundo inteiro há-de saber que errei e que agora, depois de tanto tempo que deitei fora como se não fosse tempo de vida, voltei a dar passos na direcção certa.
Não decidi voltar a amar-te só porque as coisas correram mal; não decidi voltar a andar de comboio só porque as motas e os carros talvez não resultem tão bem como pensava.
Sempre te amei e sempre quis andar de comboio. Só que andava cega. E mesmo escrevendo e pensando todos os dias que te amo e que te queria mais que ao mundo inteiro, não o fiz. Palavras não provam nada.
Mas hei-de ir, e desta vez não há nada que vá mudar a minha intenção.
A minha intenção é ser feliz.
E só há uma maneira de viver assim, feliz.
Porto. 


Com todo o meu amor, para que voltes a acreditar em mim,


Sempre tua, Inês                                                                                                    16/Outubro/2011

02/10/2011

Porto @ 9

Estou a perder-te.
Devagar, ou talvez mais depressa do que penso. Se calhar já te tinha perdido sem saber.
Se calhar nunca te tive. Diz-se que quando aquilo que um dia foi nosso não regressa, nunca foi realmente nosso.
Honestamente, acho que vamos voltar, um dia.
E custa-me pensar que se calhar até já disseste coisas bonitas a outra, - certamente mais inteligente que eu - beijaste outros lábios, acariciaste outros cabelos.
E se ainda não aconteceu, há-de acontecer e disso não tenho a menor dúvida.
E acredito sinceramente na importância que tive para ti: provaste-mo e mereces o meu reconhecimento. Mas quando se é jovem, quando se quer tanto sentir paixão, quando o amor está à nossa espera em cada esquina, não se pode amar para não esquecer. Não se pode parar, não há travões.
E hás-de amar alguém, hás-de esquecer-me.
E tudo porque eu fui estúpida, e sou todos os dias, porque sei que a cada segundo que vivo tu também vives, e corro sempre o risco de te perder, corro o risco que alguém te mude, que alguém te ame melhor do que eu te soube amar.
E dói-me tanto que escrevê-lo me faz chorar, que pensar me sufoca, que o meu estômago se contorce, o coração aperta.
Foi escolha minha, tudo isto, e chorar e sofrer e saber que hás-de amar e ser tão amado quanto mereces, foi escolha minha.       
                                                                                                                                2/Outubro/2011

29/09/2011

Porto @ 8

Sinceramente, não sei o que pensar, o que fazer, para que lado me hei-de virar.
Não sei do que hei-de desistir, virar costas.
De ti, parece que desisti mas não, nunca. Aos olhos de todos, sou quase plenamente feliz.
Mentira. Fui plenamente feliz nos tempos em que fui tua, nos tempos em que te abraçava, nos tempos em que eras meu.
Isso era ser plenamente feliz.
Agora, vou-me satisfazendo com o que tenho. Não posso dizer que sou infeliz - mentiria.
Mas uma coisa é certa: aquilo que me fizeste sentir, os lugares que me fizeste alcançar, a magia que sentia contigo, a cumplicidade que nos abraçava, isso nunca mais senti desde que tu e eu nos desfizemos.
Quando vejo fotografias tuas, olho-te nos olhos, aprecio com cuidado o teu sorriso, as tuas feições.
Não sei, devo ter esperança que me fales, me sorrias ainda mais, devo ter esperança em tudo aquilo que sei que não acontecerá.
Sou louca, ou pelo menos estou a ficar.
Preciso de ti e daquela coisa que me costumavas fazer sentir.
Aquela coisa... vida.

28/09/2011

Porto @ 7

Sonho mais, choro mais, penso igual, durmo menos, escrevo mais.
Creio mais. Na tua vinda ou na minha ida, essa é a parte menos importante - creio mais em nós.
É estranho. Quanto mais longe, mais perto, quanto mais sinto a tua falta, mais acredito que se morrermos separados, é impossível morrermos de coração cheio.
Ultimamente não era assim, ultimamente eram outras coisas, mas agora espero-te de noite, durante uns segundos.
Procuro-te nas estrelas e no horizonte. E depois procuro-te na estrada, onde apesar de tudo é o lugar mais provável de te ver, procuro-te na rua. Por vezes vou já de lágrimas nos olhos, desfeita, sabendo que te podia esperar durante mil anos, nunca irias aparecer; outras vezes sou Rainha da Esperança, durante um instante acredito que hás-de aparecer, nessa mesma noite, ali mesmo, a poucos metros de mim.
Hoje não apareceste. Choro sempre um bocadinho quando fecho a janela e os cortinados.
Todas as noites desejo ver-te. Vejo-te, sonho-te, juro que te vejo lá em baixo, a olhar para cima, juro-te que vejo os teus olhos, o teu rosto, o teu corpo, juro que te vejo. Mas sei que se descer as escadas, sei que se - tentar - correr para ti, sei que se te quiser tocar, ouvir a tua voz, vais desvanecer-te. Então prefiro só ver-te um bocadinho, e depois ir dormir, de lágrimas nos olhos, de saudades apertadas, de sonhos desfeitos.


Mais importante que esse sonho que se desfaz todas as noites, é aquilo em que continuo a acreditar, é o que o coração me diz, é o que o destino escreveu: tu e eu somos um só, e um dia, as nossas chaves de casa vão abrir a mesma porta.
Um dia hei-de ter no dedo uma aliança com o teu nome.
Um dia vamos voltar a estar juntos.
E noutro dia, será para sempre.
O nosso "boa noite" vai ser lado a lado.
PARA SEMPRE.

26/09/2011

Porto @ 6

Sinto a tua falta sempre, mas há aqueles momentos em que saudade nos abraça e nos aperta, e depois quase nos esgana, sufoca.
Li há uns dias uma frase que dizia "dizem que a distância faz esquecer, mas esquecem-se que a saudade faz lembrar". Claro que quando li isto a tua imagem, a tua voz, o teu olhar e tudo o resto me veio ao pensamento no mesmo instante.
Há tantas músicas que me fazem pensar em ti. As que tenho ouvido ultimamente lembram-me principalmente o dia que passei no Porto. O teu território, os teus companheiros, o teu lugar, o teu cheiro, os teus passos, as tuas histórias, todas ali, naquelas ruas.
Sabes o que me dói lembrar-me desse dia? Só me lembro de ti na estação, parado mesmo em frente à carruagem de onde saí, como se o destino não quisesse fazer-nos procurar-nos nem mais um segundo, como se tudo, até a brisa, nos levasse ao encontro um do outro.
Tinhas vestida uma camisa linda. Estavas bonito como nunca. Os teus olhos brilhavam, lá em cima, a quarenta centímetros dos meus. Abracei-te como sempre, com a mesma força de sempre, e ainda mais amor do que da última vez porque o meu amor cresce todos os dias mais um bocadinho.
E tu, como sempre, perguntaste-me "já não chega? Posso dar um beijinho à tua irmã?" Tal e qual como em Santa Apolónia, as mesmas palavras, mas em Lisboa perguntaste-me se podias dar um beijinho a Jess.
Lembro-me de passar a viagem de braço de fora, de sonhar com o nosso futuro a cada metro de alcatrão que percorremos, a cada pedra da calçada.
Lembro-me de dizeres: "no Porto tens tudo. À tua frente, uma vista linda para o mar, aqui neste lugar tens a história, e atrás de nós tens um lindo jardim e a estrada que mostra a beleza e o movimento do Porto".
Foi o meu lugar preferido. Onde te perguntei "Queres namorar comigo no Porto? Já namoramos em Lisboa, agora passamos a namorar no Porto."
E tu respondeste-me tudo o que eu queria ouvir: Nós namoramos seja onde for.
AFRICAN QUEEN, YOU AND ME. São as melhores.


Depois, há as músicas que me fazem lembrar o Algarve, Praia da Rocha, o nosso amor a nascer, as nossas escadas, o nosso bar, contigo, tudo me parecia nosso, podíamos dominar o mundo. No entanto, tudo o que queria no mundo inteiro eras tu - ainda és, por sinal - e a alegria que me fazias sentir, tudo o que queria era ter-te sempre, para sempre, tudo o que queria era amar-te incondicionalmente, e na altura talvez ainda não soubesse que este amor ia ser tanto mais que amor de Verão.
Comecei a saber. Depois das noites e dos dias passarem, depois da cumplicidade que criámos, passei a saber que seríamos muito, mas muito mais, que uma paixão curta mas breve, de Verão.
Acreditei em nós com toda a alma e coração, com todas as minhas forças, com tudo o que sou, acima de todos os meus sonhos, acreditei em nós.
GIVE ME EVERYTHING, OUR LAST SUMMER.


Lisboa.
Primeira vez que realmente fizemos amor. Primeira vez que dormimos juntos. Primeira vez que vivemos juntos e foi esplendoroso, e amei-te a cada segundo, e cada vez subimos mais alto, cada vez éramos mais e melhores e passear contigo na rua fazia-me sentir rainha, rainha das estrelas e do luar, rainha do sol, das ondas, rainha do universo. Rainha da vida, do amor. Fazia-me sentir que só tu e eu é que sabíamos exactamente o que era ser feliz.
EU TE QUERO SÓ PRA MIM, BEAUTIFUL.


E Viana.
Onde voltámos a fazer amor, onde pela primeira vez saí só com uma pessoa como companhia e foi uma noite que nunca esquecerei, onde pequei até não poder mais. Onde assumi, pela primeira vez, a toda a família: este é o meu namorado e eu vou beijá-lo aqui, vou dar-lhe a mão e mostrar carinho por ele, eu faço porque amo e quando se ama não se resiste.




"Don't have much money but
Boy if I did
I'd buy a big house where
We both could live.
(...)
And you can tell everybody this is your song
It may be quite simple but
Now that it's done
I hope you don't mind
I hope you don't mind
That I put down in words
How wounderful life is
Now you're in the world".


Sabes o que mais quero? Deixar tudo para trás. 30€. Suficiente para ir, nunca para voltar. Um comboio.
Quero-te a ti. Para sempre, meu amor.


Queres casar comigo?

25/09/2011

Porto @ 5

Vou-te ser sincera. Pelo menos aqui, nestas linhas que não lês, posso ser sincera sem ferir e sem pensares que te tento enganar.
Sinto-me bem com ele, sou feliz. Rio-me com sinceridade e para mim é um prazer estar com ele, dar-lhe a mão, brincar, conversar, fazer amor, tomar banho. Para mim é bom tê-lo, passear com ele, viver a vida a dois tem sempre mais piada.
Vou-te ser sincera de novo.
Não senti, nem por um segundo, que ele pudesse ser o homem da minha vida. Gosto dele, do coração, gosto de verdade e é das pessoas com quem me dou melhor sem conhecer assim tão bem. Acho que podíamos perfeitamente viver na mesma casa sem confusões, excepto as naturais, claro, e acho que até podíamos viver juntos e felizes para o resto das nossas vidas.
Mas com ele, falta-me a alegria que sinto contigo. A vontade histérica de viver, de amar, de aproveitar cada passo que dou contigo ao meu lado, de observar cada gesto teu, beijar cada pedaço.
Não é uma coisa pela qual ele possa lutar, não é uma coisa que ele possa criar, ou que possa até crescer com o tempo. É uma coisa que das duas, uma: ou se tem, ou não se tem. E como é fácil perceber, eu e ele não temos isso.
Para além de que não encontro nele honestidade e isso eu preciso. Porque fala-me de sinceridade mas é-me sincero em coisas menos importantes. Na verdade, até quando é sincero, às vezes, está a mentir e eu sei, mas sendo eu, nunca confronto.
E até podia ser apenas um defeito dele que o afastava de mim.
Mas para além disso, é um defeito dele que se bem me lembro é uma qualidade tua.
A tua honestidade podia magoar, mas nunca me magoavas. A tua honestidade levou-te a Lisboa.
A tua honestidade é das coisas mais bonitas de ti.


E hoje, ainda que feliz e ainda que beijando outros lábios, sinto a tua falta e quero-te como sempre te quis.


Sei que hás-de ser meu
E sei que havemos de casar.
Porque tu e eu, meu amor
Somos ainda uma história por contar.                                                            25/Setembro/2011

18/09/2011

Porto @ 4

Tenho tantas saudades tuas.
Do teu abraço, dos teus olhos redondinhos, tão lindos, do teu beijo.
Tenho uma saudade louca de sentir aquilo que sentia contigo.
A alegria que me faz sentir que somos só tu e eu, que o mundo é feito de nós, do que estamos a sentir e a viver.
Sentir que é por estarmos juntos, por darmos as mãos, por fazermos amor, que o sol brilha de dia, que a lua chega de noite, que as ondas rebentam e o mundo gira. Sentir que somos o motivo de todas as coisas boas da vida. Sentir que juntos, somos a melhor coisa da vida.
Tu és a melhor coisa da vida.
Tenho andado distraída mas penso em ti todos os minutos. Então agora, que as festas estão a chegar, que a música já se começa a ouvir... só as tuas músicas, só as palavras que já me cantaste ou que eu silenciei: "Se tem mulher solteira dá um grito que eu quero ouvir", e eu olhava para ti,cerrava os lábios e, diferente do Algarve, ficava em silêncio e até com o corpo parado, até que voltava a agitar-me e a cantar. Isto em Viana.
As coisas estão a mudar. Até tenho quem me faça feliz, por estes lados, até tenho quem me beije, me abraça e me aqueça um bocadinho.
Mas não me aquece o coração, não me beija nem abraça como tu.
Tu sim, aqueces-me. Corpo e alma.
É a diferença entre sentir-me feliz e sentir-me nas nuvens, entre sorrir e sentir-me repleta de felicidade, é a diferença entre gostar e amar.
É a diferença entre ti e ele.
É a diferença entre Lisboa e o Porto.                                                                   18/Setembro/2011



15/09/2011

Porto @ 3

Posso estar a ter das melhores tardes da minha vida. Ou mesmo que nem tanto, pode estar a ser uma tarde descontraída como tantas, com amigos, cartas, tabaco e talvez umas quantas cervejas.
E posso estar realmente bem, esquecida, despreocupada, de cabeça no ar, cem por cento ali.
De repente, há sempre alguma coisa que me faz pensar em ti.
Há tanta coisa com que te identifico. Tabaco bem batido, uma certa posição na cadeira, todo recostado para trás e com o queixo apoiado numa mão. Imperiais. Uma sueca bem jogada, um gesto que ninguém entende.
Sorte a minha que é raro ouvir-se pronúncia do Norte cá em baixo.
Mas há mais. Tantas vezes se ouvem músicas que me fazem pensar em ti, são tantas, mais as que me lembram de ti que as que não lembrar, até aquelas que nunca ouvimos juntos parecem estar escritas para nós, aquelas que falam do para sempre feliz e também aquelas que falam da distância.
Tudo és tu.
Queria ir aí amanhã mas não tenho coragem. Quero tê-la. Mas há corações aqui, apaixonados, que me têm dado tudo.
Não sei que fazer, para que me lado virar.


Amo-te mais que tudo, quero casar contigo para sempre.
Sei que ainda vou beijar esses lábios mais de mil milhões de vezes.                  15/Setembro/2011

11/09/2011

Porto @ 2

A minha tia acha que devemos ficar juntos.
Sabes, aquela minha tia que te adora. Tu sabes. A pequenina, boazona e rica, aquela que dança contigo, que se derrete só de nos ver juntos.
Ouvi há pouco das palavras mais bonitas de sempre: "Se gostas dele, agarra-te a ele. Vocês são lindos juntos, dão-se bem, têm uma cumplicidade enorme, ele é um querido, um doce".
É puramente verdade. Às vezes irritas-me. Profundamente. Às vezes só te quero bater, deixar de falar, às vezes és estúpido mas amo-te, amo-te mais que tudo.
A minha tia diz-me para te telefonar, que para o próximo fim-de-semana me dá "uns dinheiros" para me meter num comboio e ir ter contigo. Para ficarmos juntos para sempre, apesar de separados.
Não sei se tenho coragem. A distância magoa-me.
Também não sei se tenho coragem de magoar outro coração com tanto desplante.
Não tenho tido muita coragem para a vida, ultimamente.
Tenho chorado sem parar. Adormeço e acordo a chorar, e às vezes palavras e expressões que largaste cá, às vezes só de ouvir o teu nome da boca de alguém, choro quando estou no meio da rua, pareço louca mas não sou. Só tenho o coração partido.
Adormeci tarde, levantei-me cedo. Tomei banho, pus os óculos na cara, o maço no bolso e fui para o jardim. Fiquei lá a chorar desalmadamente, sentada num banco, até que me chamaram para almoçar.
E subi as escadas com um esforço sobre-humano, de pernas pesadas, mente pesada, com o coração caído aos pés, a rastejar, a magoar.
És o meu amor, e a minha tia sabe da vida, sabe pelo menos mais que nós os dois juntos, e as minhas amigas que me dizem que Contos de Fadas não existem, e os meus amigos que me fazem acreditar que preciso de alguém mesmo ao meu lado, todos os dias, todas as noites e segundos.
A minha tia fez-me acreditar de novo. A minha tia adora-te e tem mais força que eu. Bem, e dinheiro.
Amo-te loucamente e quero voltar para ti. Como ela disse, "vocês vão estar juntos num fim-de-semana, e quinze dias depois, e no fim-de-semana seguinte, e um mês depois, até que um dia estão lado a lado para o resto da vida. Além disso, eu quero sobrinhos grandes!".
Comecei a chorar ainda mais, mas enquanto sorria também: "e eu quero filhos".
Namora comigo, casa comigo, vamos ser felizes para o resto da nossa vida.
Só que digo isto hoje, amanhã já perdi as forças, amanhã não quero partir corações, o amanhã nunca se sabe. Mas eu sei, que apesar disto tudo, eu quero que o amanhã seja contigo.


Amo-te sempre.                                                                                                            11/Setembro/2011

10/09/2011

Porto @ 1

Hei-de escrever-te até ao dia em que te esquecer. Talvez te escreva para sempre.
Hei-de sonhar que recebes as minhas cartas, estas cartas, como são hoje em dia, escritas com uma letra que não é a nossa, escritas com letras falsas. Hei-de sonhar que lês estas cartas que nem tenho coragem de enviar. Hei-de sonhar que os nossos dias afinal não acabaram, e que isto não são só memórias e alucinações, hei-de sonhar que nunca estivemos separados. Hei-de sonhar com tudo o que vivemos e tudo o que ficou por viver. Hei-de sonhar que o Porto é o nome da rua a seguir à minha, hei-de sonhar que moro a três minutos de ti.
Hei-de sonhar que somos quase como um só, de mãos dadas por todas essas ruas.
Hei-de escrever-te. Hei-de ouvir as músicas que ouvi contigo, cantei contigo, dancei contigo, hei-de ouvir as músicas que testemunharam o nosso amor, as letras que sei de cor, hei-de lembrar-me do ritmo que seguíamos enquanto fazíamos amor.
Hei-de sonhar-te toda a vida, porque já falei muito, já escrevi muito, e só agora sei que a todos escrevi demais, porque essas palavras que usei eram tanto mais que a realidade. A realidade do amor, da dor, a real felicidade, plenitude, está em ti e em mim, quando juntos.
A realidade da vida está em nós. Está no meu riso contigo, no meu corpo contigo, na minha alma contigo, a realidade da vida está em NÓS, TU e EU é a única realidade que quero viver.
Não sei porque fiz isto. Perdi o controlo da minha própria vida, perdi a crença no Conto de Fadas que queria viver, perdi tudo, perdi-me.
Hei-de escrever-te mil cartas. Destas, sem coragem, estas que não se enviam, estas que vão ficar por ler.
Hei-de dar-te nestas palavras este mundo e o outro, tudo aquilo que te queria dar, hei-de dar-te os sonhos, hei-de contar-te como correu o meu dia, hei-de chorar e sorrir contigo, porque cá dentro, no meu coração, sou tua e não quero deixar de ser.
Sem ser tua, sou de quem? Não quero ser de mais ninguém. Eu sou tua, mesmo longe, mesmo não sendo, quero que saibas.
Não sou minha, não sou do mundo, não sou da minha mãe nem do céu nem do nada. Sou tua. Plenamente. Neste estado de meia-vida, neste estado de meia-morte, sou tua, todas as manhãs, tardes e noites. Todas as madrugadas. Sou tua em todas as ondas que rasgar, em todos os sorrisos que se rasgarem, sou tua em todas as lágrimas.
Sabes o que é querer-te acima de tudo na vida? No mundo?
Perguntei-te isto hoje, disseste-me que sim, mas acho que não sabes.
Acho que não entendes que dava tudo o que tenho, dava tudo o que me preenche, dava tudo o que completa os meus dias, o que me alimenta, o que me faz rir. Dava o dinheiro que não ia significar nada, dava amigos, dava mortos e vivos, por mais horrível que isto possa soar. Dava virtudes, dava facilidades e dava tudo aquilo que antes julgava ser importante e afinal, eu podia muito bem viver sem isso. Abdicava deste mundo e do outro para saber que afinal estávamos enganados, que afinal a vida é fácil, que afinal eu não fui mais fraca as dificuldades que ela traz, que afinal, no final, moras mesmo aqui ao lado e sim, poderíamos passear de mãos dadas por todas estas ruas, e exibir o amor, arrogantes, divertidos, à chuva e ao sol, noite e dia, contigo, haveria de deixar um rasto de amor por onde quer que passasse.
Dava tudo. TUDO. Entendes o que é tudo?


Porque se te tivesse de novo, meu amor, aqui perto como sempre te quis, eu teria este mundo e o outro de novo, teria tudo o que preciso. O nosso amor alimenta-me, faz-me esquecer a fome do que não preciso de comer, faz-me esquecer a sede do que não preciso de beber, o nosso amor aquece-me. O nosso amor faz-me rir, o nosso amor preenche-me.
O nosso amor faz-me esquecer as coisas más da vida.
O nosso amor é um lar.
Tu és.


Tudo. Dava tudo.                                                                                    10/Setembro/2011

05/09/2011

J. #35

São provavelmente as últimas palavras que te escrevo.
O derradeiro resumo de tudo o que fomos.
1 ano. Há um ano fui realmente feliz. Foi uma noite inesquecível.

Passou um ano e ainda não esqueci um momento, uma promessa, uma palavra.
Passou um ano e ainda sei que te tenho escrito nas mãos, porque eu e tu fomos parte do que sou.


Fomos um mundo.
De cor, de movimento, de amor. Eu e tu éramos o amor. Em nós, à nossa volta, nos nossos beijos. Eu e tu já fomos tanto que mal consigo acreditar que agora sejamos tão pouco.
Há um ano eras a minha vida. Dava tudo por ti, abdicava de tudo.
Há um ano eras tudo o que tinha, tudo o que os meus olhos viam. Eras os meus sentidos, os meus suspiros, os meus sonhos.
Preenchias cada pedaço de vida em mim, cada segundo, cada passo eras tu.
Brilho dos meus olhos, força das minhas pernas, motivo do meu sorriso.
Foste tudo.


E um dia, o meu coração que estava tão entregue, tão teu e de mais ninguém, meu coração frágil, nas tuas mãos, o meu coração que cegamente acreditava que este amor seria eterno, o meu coração que só batia por ti... desfez-se.
Foram mil pedaços, muito mais que mil lágrimas.
Juro que me senti morrer. A vida perdeu o sentido. A música perdeu o ritmo, e eu perdi as razões para sorrir. Um dia deixei de dormir e comecei a tomar café, deixei de escutar e passei a ouvir.
Um dia o tempo passou por mim e eu nem dei por nada, os meus dias eram luto, cinzentos, tristes, tão tristes, sem ti.
Porque tinha perdido o que julgava ser tudo.
Porque te desfizeste de mim e eu desfiz-me em mim mesma. Porque os meus lençóis ainda guardavam o teu cheiro, o meu coração ainda guardava os sonhos e tudo à minha volta ainda guardava as recordações.
Tudo eras tu, e toda eu era nada.


E depois compus-me. Sem ti, mas às tuas custas. Levantei-me, pedaço a pedaço, fiz-me mulher. Fiz-me à vida. E primeiro voltei a sorrir, voltei a escutar, voltei a dormir.
Voltei a correr quase ao ritmo da vida, voltei a dançar. Mas só depois deixei de chorar.


E só aí é que voltei a viver.


1 ano.


É  triste que agora sejas tão pouco. Quando temos tanto, temos muito a perder. Tive tanto, e perdi tanto.
Mais triste ainda, é que como dizem, tudo o que um dia foi realmente nosso, vai sempre voltar.


E eu e tu, estamos mais que acabados. Para sempre, eu sei que sim.


1 ano.

25/07/2011

Quem me dera que tivesses vindo a Lisboa para ficar

Quero ir ao Porto, não quero ir a Inglaterra. Também não quero ficar em Caxias. Quero ir-me embora, mas acompanhada. Quero-as a elas, a ele. Quero o meu mundo, a minha gente, aquela gente que me percebe, que me lê as mãos, o olhar, aquela gente que me paga cervejas e me crava cigarros, aquela gente com quem sei que posso contar. Quero rir até me doer a barriga, até me desfazer em chichi, até chorar, quero beber até cantar aos altos berros no meio da rua, até fazer sexo que nem uma louca, até pedir alguém em casamento, até dizer tudo o que me vai na alma.
Não quero voar num avião. Todos os dias voo. Voo entre Lisboa e o Porto, Queijas e Caxias, Miraflores e Matosinhos. Todos os dias voo com elas, com ele, voo com os olhares cúmplices que troco com aquelas que preenchem o meu coração, os olhares que tudo dizem, nada contam porque já tudo sabem, e os gestos leves que troco com ele, e a vontade de amor que me mostravas mesmo à porta de casa, já com a chave na fechadura, mesmo a entrar, nós de um lado, a minha avó do outro, o desejo em nós, e enrolar-nos e de repente já são os lençóis que nos enrolam, já a música acabou, já quase amanhece e já dormes, abraçado a mim, belíssimo, tranquilo, e até a dormir, engraçado. Rei.
E enquanto tu dormes costumo ficar acordada, a pensar que a vida corre e eu tento correr mas não sou tão veloz, a pensar que nem o vento consegue ser, a pensar que por mais que tente, por mais que corra, que o passo seja acelerado, mesmo que esteja calma, parada, sentada, mais que confortável e relaxada, ando sempre a correr atrás da vida, porque, como aprendi contigo, parar é morrer.
Hey, não me esqueças, não beijes outros lábios, não faças outro corpo balançar, contorcer, não faças outra gemer, não faças outra tão feliz como me fizeste, sim?
E vocês, minhas meninas, estão sempre no meu coração. Absolutamente todos os segundos. São os meus maiores amores, como irmãs.

20/07/2011

PR @ Algarve & Lx

Na primeira noite, só o vi, na mesma mesmo ao lado da minha.
Há duas coisas a reparar de imediato: a altura e o bigode. Ponto final.
De resto, repara-se quando se entra.
Extravagante, rei daquilo tudo, dança até não poder mais, e quando já todos estiverem cansados, ele vai continuar até o bar fechar.
No final dessa noite, a primeira, a Mg. contou-me:
- Ele chegou ao pé de mim e perguntou-me "Onde é que foi a tua amiga com o maço ao de penduro?"
Ri-me, prestei pouca atenção, mal quis saber. E ainda bem. Foi tudo muito mais bonito.
Na noite seguinte, a história foi outra. Vi-o, e também o vi a olhar, era aquele, aquele que tinha dito que eu tinha o maço ao de penduro. E o meu maço continuava preso ao meu pescoço por uma guita, como em todas as noites algarvias com elas. Então movi-me, soube mover-me, e fui até à janela onde ele fumava, descontraído, ele longe mas mesmo assim o braço dele saía pela janela.
Claro que eu, com menos 40 centímetros, deixei de me saber mexer e tentei, desajeitada, fazer o mesmo que ele. E então, falámos. Melhor, ele falou.
- Não era mais fácil sentares-te ali? - e fez um gesto para o parapeito da janela.
Eu ri-me, sem vergonha, talvez com já algum álcool no sangue, mas pouco, apenas o suficiente para me rir sem corar, e segui o conselho, sentei-me no parapeito. E foi ele quem voltou a falar.
- És mesmo lisboeta!
Escondi a minha paixão pelo Porto, por aquela pronúncia e por todo o momento e ripostei:
- OS LISBOETAS SÃO BONS!
- São... - disse ele, na sua expressão calma - pra pegar fogo.
Ri-me, ele acabou o cigarro e eu fiquei sozinha a acabar o meu, a trocar olhares com todas elas. A Guida a rir, a Jéssica a desaprovar, e provavelmente as outras duas nem se aperceberam de nada.
Quando desci, juntei-me a elas de novo, e então ele, de uma maneira ou de outra, naquele jeito de sucesso, de rei, de coordeno, movimento, faço a festa e ainda te deixo cansada, pegou em mim, agachou-se para estar mais ou menos da minha altura, dançámos e segundos depois beijou-me.
E dançámos pela noite fora, ele a dar-me bailes na pista de dança, e eu a tentar a acompanhar, sem sucesso, até porque, como ele diz, ele é o Sucesso.
Saímos, puxa cigarro, puxa conversa e gargalhada, acabámos a noite à porta do meu prédio pelas cinco da manhã, eu, ele, as minhas amigas e o amigo dele, numa histeria de álcool, droga, alegria e liberdade. De números trocados e ouvi as primeiras palavras românticas sair daqueles lábios que ainda não tinham dito nada mais do que piadas sobre todo e qualquer ser daquele lugar:
- Amanhã quero ver-te.
E vimos, e os dias e as noites passaram, breves mas felicíssimas, espontâneas, livres como mais não podiam ser.
E numa noite, estivemos nas escadas, descalça, despe, beija, lambe, apalpa. Sexo.


Todas as noites me levava a casa, de mãos dadas, abraçadas, e pegava-me ao colo, fiquei sempre a mais de dois metros do chão porque ele elevou-me acima da sua cabeça. E toda a rua podia ver o meu rabo, o meu decote, e então? VERÃO. ALGARVE. AMIZADE. As minhas amigas e agora, o meu amor de verão que se estava a tornar em algo mais.
Todas as noites me cantou ao ouvido, todas as noites bebemos, todas as noites pedimos desejos a shots que bebemos juntos, nós e os outros, os rapazes não sei de onde, e as minhas amigas, as minhas lindas, as minhas meninas, foram momentos para nunca mais esquecer.
Uma noite, cantou-me aos altos berros, no meio da rua, numa dança romântica entre abraços e beijos, que se apaixonou ali, na praia da Rocha, e que comigo queria ficar, e rimava, mas não me lembro como, nem ele se lembra, e que nunca me iria largar.
E derreti-me nessa noite.
E noutra, cantou-me a Our Last Summer dos ABBA.
I can still recall our last summer
I still see it all...


E as noites melhoravam, e a cumplicidade, e a vontade de ficar mais um dia de praia, de piscina, mais uma noite naquele bar, naquele lugar, lugar Paraíso.


A última noite não posso esquecer.
Fomos até à marina, nós e todos os outros, fora aqueles que já tinham ido.
Uns no chão, outros no muro, conversa, frio e quando desistiram da conversa por causa do frio, voltámos para trás.
Abracei-o pela cintura. Passara aquele tempo todo a olhar, só a olhar, a sentir isto por dentro, esta dor, esta saudade, a sentir que talvez  de tudo aquilo que tinha planeado para o meu verão - os cem rapazes, as mil bebedeiras e o milhão de gargalhadas - tivesse dado cabo da primeira.
Não era arrependimento. Mas era dor, e quando dói, dói.
Começámos a andar, quase chorava mas ele não notava, porque entre beijos que me deu, conversava com o amigo.
Mas não consegui quando comecei a ouvir, do telemóvel dele:
I can still recall our last summer
I still see it all
Walks along the sein
Laughing in the rain
Our last summer
Memories that remain...
Que se lixe, desmanchei-me em lágrimas.


Então, ele agarrou-me na cara com as duas mãos e disse-me:
- Eu venho ver-te, tu vais ver-me - tinha o meu isqueiro - e só to dou quando vier cá. E depois ficas tu com ele, e só mo dás quando fores ao Porto. E nós vamos ver-nos, fica aqui prometido. Não te quero ver chorar. O teu sorriso é o que tens de melhor. Naquela noite - aquela, em que ele reparou mas eu só lhe vi a altura, o bigode e a mestria da dança - vi-te na esplanada, a dançar a La Tortura, não paraste um bocado e tinhas o teu sorriso lindo sempre... é assim que te quero ver. Acredita, esta é a primeira última noite de muitas.
Limpou-me as lágrimas, desligou a música que não me saiu mais da cabeça até hoje.
Chorei o caminho todo até casa, mas sempre me faz sorrir, sempre o adoro, sempre me diverte e me faz sentir que estou no paraíso. O meu homem, de dois metros, o meu homem divertido, com pronúncia do norte, o meu homem que joga basquet profissional e que fuma demasiado. O meu, meu, meu, e quero tanto tê-lo de novo, como naquela noite nas escadas da praia.


A verdade, é que estou muitíssimo perto de descobrir se irá cumprir com tudo o que diz.
Amanhã, antes das quatro da tarde vou estar à sua espera em Santa Apolónia, de dedos cruzados a pedir com força que ele apareça no comboio que vem do Porto desde a uma. Amanhã, se tudo correr como desejo tanto, vamos os dois estar a dormir na casa da minha avó - cada um na sua cama, mas hei-de escapulir-me uns instantes para ao pé dele - e vamos estar a assumir que esta história não vai ter fim...


E eu adoro, adoro tudo isto

24/06/2011

J. #34

Fazer amor contigo outra vez foi diferente. Não foi como ir à lua e voltar, porque eu quis fazer amor e tu quiseste fazer sexo, eu quis carinho e tu quiseste prazer, eu quis harmonia e tu quiseste orgasmos.
E talvez, ao contrário do que costuma acontecer, o nosso problema seja o sexo, ou tudo seja explicado com esse exemplo. Se calhar, como somos no sexo, somos na vida em geral.
Eu quero isto e tu queres aquilo.
E às vezes, quem sabe, esse não será o segredo para a magia que tínhamos. Mas deixou de ser.
Pela primeira vez, ironia do destino, a tua casa esteve vazia e nós estamos separados.
Ainda assim, estreámos a tua cama. Prefiro a minha. Prefiro o meu ninho, o meu lugar, as roupas perdidas no meu chão e o meu tecto a cobrir-nos. Prefiro os raios de sol a entrar pela minha janela grande, prefiro o meu quarto sem televisão, e a minha estante cheia de livros em vez da tua quase vazia.
Mas a verdade é que, fosse em que quarto fosse, tu serias o mesmo e eu a mesma.
Tu à procura do prazer, e eu à procura de qualquer coisa, qualquer réstia de sintonia entre nós, e se fossemos uma música tu estavas a procurar o ritmo e eu a letra, e se fossemos um filme eras só a imagem e eu as palavras, e se fossemos dois jovens separados recentemente que deram por si sozinhos numa casa, tu serias aquele que se descuidou de novo, que agiu mal, porque mesmo depois de, quando me perguntaste, se queria "mais depressa", te respondi "Só quero fazer amor contigo", tu foste mais depressa e não me beijaste. Tu não te enrolaste em mim, não sorriste, tu só disseste "amo-te" e nada mais.
"Amo-te"? O amor não se faz assim.
Assim faz-se o sexo.


Só tenho pena que assim seja. Só quero fugir, chorar, só quero esquecer tudo.


"I wish I have missed the first time that we kissed, because you broke all your promises"

23/06/2011

J. #33

 Amo-te. Amo-te de uma forma que não conhecia. Amo-te incondicionalmente, e dava por ti a minha alegria, o meu sorriso, a minha vida. Na verdade, foi exactamente isso que fiz.Roubaste-me a alegria e o sorriso. E a minha vida perdeu a cor e o brilho.E a alegria, a plenitude, a vivacidade que me davas..Recriaste-me para depois me deixares sem tudo isso.E eu quero, quero acima de tudo voltar ao que era, queria acima de tudo ser tua outra vez, dar-me de novo. Mas mais que isso, um pouco mais que isso, quero proteger-me de um futuro igual ao passado.Por isso, afasta-te de mim. Tira daqui esses lábios, não me deixes sentir o teu toque, nem que seja leve, não me deixes perder-me nos teus olhos nem passes do outro lado da rua.Porque enquanto passares, eu vou sempre atravessar e meu Deus, eu sei que um dia, quando voltar para o outro lado, um autocarro me passa por cima. Como já passou uma vez.E eu, burra que sou, apaixonada que sou, amante que sou, louca que sou, perdida que sou, hei-de passar até que a puta do autocarro me mate.
Porque te amo, porque te amo mais do que à própria vida.Porque para mim, a vida és tu. Sem ti, que vida estarei a viver?

                                                                             "So don't come back for me
                                                                                     Don't come back at all"

18/06/2011

ABSOLUTAMENTE

Pronto. Ponto. Decidi. Isso, agora mesmo.
Vou mudar. Aqui, na minha cabeça.
Agora, só existo eu.
O amor - como até já tinha reparado - não existe. É uma pala em frente dos olhos, uma ilusão, um mito, algo que um ser ingénuo inventou quando sentiu desejo.
Porque o desejo existe. Sim, sem dúvida. Por isso é que existem mais preservativos que casamentos. O desejo, a paixão, a ânsia, a perversidade, o bom, puro, excêntrico sexo existe e é bom. Não parte corações. Faz bem à saúde, à forma física, ao coração.
Por isso, agora é tudo sobre mim e sobre sexo. É tudo sobre tornar-me alvo de várias atenções, de olhares masculinos, quem sabe femininos, é tudo sobre não amar nunca, não ser estúpida ao ponto de voltar a pensar que me apaixonei, e que algum homem há-de ser aquele que irei querer para sempre, que será pai dos meus filhos, amante para o resto da vida, companheiro de viagens como sonhei com o J.
Não. Isso não existe.

J. #32

O que é que eu fui fazer? Nós podemos lá ser amigos! Nós podemos lá tomar cafés juntos! Eu posso lá fingir que estando na mesma mesa que tu, a ver-te rir, falar, mexer, não me atrai e que os teus movimentos não me fazem sentir cair cada vez com mais intensidade para esses teus lábios... Que lábios.
Não posso voltar ali contigo, nem a Algés, nem a lado nenhum que me faça lembrar tudo aquilo que já fomos. Não contigo.
Amigos depois de namorados? Isso é mito, puramente.

15/06/2011

what about J?

So...

O J. foi-se.
Ele deixou-me três vezes, depois de me deixar, de me deixar, de me deixar.
E depois eu deixei-o, depois de ele me deixar e me levar a jantar e me beijar.
Sabia que ficaria vazia, sempre soube que sem ele não era tanto quanto com ele.
Sempre foi mentira que estar só é melhor que estar acompanhada, mas nunca tropecei no engano de cair nessa mentira.
Sempre soube que acompanhada sabe melhor viver, sabe melhor rir, caminhar, conhecer, explorar.
E a sua companhia... a sua companhia era a minha preferida. porque viver, rir, caminhar, conhecer e explorar com ele (por vezes ele mesmo) era poder fazer tudo isso de mãos dadas, com beijos roubados, beijos oferecidos, beijos discretos, beijos excitados, com a alegria, com o brilho no olhar que só os apaixonados sabem ter.
A sua companhia deixava-me de rastos, completamente rendida ao seu encanto, os olhos azuis, as costas largas, o sorriso tão perfeito. Ainda sei que assim o é, mas sei também que não me soube proteger, não se soube comportar, não soube fazer justiça aos 21 - quase 22 - anos que tem em cima, e é assim que se perde uma miudinha, uma adolescente que dava tudo por si, absolutamente tudo, é assim que se perde alguém.
Isso ele sabe fazer - oh se sabe!
E durante uns tempos pensei que fosse morrer: as noites eram longas, os dias para além de longos eram terríveis, porque a minha mente cansada da noite passada de luz acesa se vingava enquanto o sol brilhava no céu. Nada chamou a minha atenção durante imenso tempo. NADA. Tudo eram paredes de luto, e sentia-me a renascer um pouco cada vez que elas me faziam rir, cada vez que me sentia um nadinha mais feliz. E ainda assim, mesmo assim a rir, era triste porque ele não me podia roubar um beijo daquele sorriso.
Mas o tempo vai curando, a ferida vai sarando, e ainda que tenha ficado cá dentro como só podia ficar - porque foste o homem da minha vida - começa a ser só uma recordação, umas poucas memórias aqui bem guardadas, e a sua página está a pouco de ser virada.
E os meus livros nunca se folheiam para trás.

Amo-te, e um dia destes, quem sabe amanhã, já só te amei.

30/05/2011

J.# 31 (mãe)

Eu só queria que o J.# nunca acabasse.

Só queria que quando o meu mundo cai, o resto do mundo não se desmoronasse também.

Só queria viver nestas quatro paredes do meu quarto.
Que me dessem tabaco, livros e séries, comida, água, uma banheira e uma sanita. E mesmo assim, dispensava a sanita desde que a janela abrisse.
E também um milhão de comprimidos que me fizessem dormir horas seguidas. E um rádio.

Só queria que não vissem coisas que não existem: a pele pouco saudável, o corpo que emagrece, as refeições que se reduzem. E que não tirem conclusões precipitadas: a droga.


Só queria, mãe, que percebesses que a única coisa que se passa é que o meu amor me deixou, que isso me faz infeliz.
Porque tenho 16 anos e nem tudo são drogas e vícios.
Na verdade, quase tudo é paixão, ilusão e desilusão.
E eu apaixonei-me, desiludi-me, e agora não consigo dormir, e agora ando com má cara, não tenho fome nem vontade de falar.

Desculpa-me se te preocupo, e assim eu desculpo-te por pensares essas coisas de mim.

22/05/2011

J. #30

Love is life. And if you miss love, you miss life.
                                                              Leo Buscaglia


Missing life.

21/05/2011

J. #29

No instante em que te vi, o meu coração percebeu, por mim, que um dia serias aquele que iria recordar.

Que ias ser a eterna recordação do meu grande amor, e aquela esplanada onde me sentei ao teu lado pela primeiríssima vez e ali ficámos, talvez até à meia-noite, conta a nossa história sem falar.

ÀS VEZES ESTÁVAMOS SÓ NÓS. OUTRA VEZES, COM OS TEUS AMIGOS, OUTRAS VEZES COM OS MEUS. MUITAS VEZES, UNIMOS TODOS. ÉRAMOS O NÚCLEO DE TODAS AS GARGALHADAS QUE SE OUVIAM ALI, DE TODOS JUNTOS, FELIZES E BOÉMIOS E JOVENS E ENÉRGICOS.

talvez tenhamos corrido cada uma daquelas mesas e cadeiras.

Conheci ali mais gente do que na minha vida inteira, para trás, tudo por tua causa. Isso mudou-me. Tu mudaste-me. Para melhor. Fizeste-me bem à alma, corpo e mente.

Tu foste um anjo por quem me apaixonei, e esses olhos azuis, e essa pele morena, e esse sorriso perfeito e esse humor pleno. Foste tudo para mim.

 FOSTE O MEU "TODOS OS DIAS AQUI". FOSTE O MEU SONHO. FOSTE O MEU COMPANHEIRO DE CASA,  DE VIAGENS E LOUCURAS, FOSTE O MEU MARIDO, PAI DOS MEUS FILHOS, E FOSTE ATÉ O HOMEM POR QUEM CHORARIA NA HORA DA TUA MORTE. Foste tudo, tudo, absolutamente tudo em sonhos.

Quem tanto sonha, dificilmente cai de pé. E foi o que aconteceu.

Não caí de joelhos nem deitada. A minha tromba foi contra o chão, fico tonta e perdida e sinto-me tola por abdicar de tanto com que sonhei.

 Mas sonhos são sonhos.

E talvez - só talvez - afinal tu não sejas aquele que deve ser o pai dos meus filhos.

Talvez eu seja mesmo demasiado nova ou tu demasiado velho, talvez tenha estado tudo errado desde o início.

Ou então,

não só como eu quero acreditar, mas como eu realmente acredito:

foi tudo perfeitamente certo. Eu não sou nova demais nem tu demasiado velho. Somos diferentes e isso limita-se a estar perfeitamente certo. Talvez de um modo errado. Mas perfeito e certo.

Aconteceu, sorri, amei, mudei, vivi, sonhei, senti.

Que mais podemos pedir da vida, do amor? Acabou, e até isso, mesmo que no final estejas uns bons degraus abaixo daquilo que julgava seres, está certo.

Perfeitamente certo.

01/05/2011

J.# 28

Tudo o que queria era que corresses sem eu te pedir.
Contra tudo, mesmo que contra a minha palavra. Eu minto, eu menti-te.
Eu queria que lutasses, eu queria que criasses uma guerra se fosse preciso, por mim.
Mesmo achando que ias estar a lutar contra mim. Jamais. Se há uma guerra estou contigo, ainda que sejamos só nós contra o resto do mundo. Estou contigo sempre.
Nunca te hei-de largar porque tu nunca me largas.
Já largaste mas ainda assim, persegues-me. Desde que acordo até que adormeço, e até mesmo durante os meus sonhos tu estás.
Dói-me que a única luta que consigo ver seja a minha contra mim mesma, e que tu não estejas comigo.
Eu quero esquecer-te. Quero mais que tudo deixar de te amar, pelo menos desta maneira.
Tenho medo. Tenho tanto medo de ficar presa a ti. Tenho medo de te ver sorrir. Tenho medo de te ver bem sem mim, porque desde que eu e tu funcionamos juntos que eu já não sei funcionar em separado.
E eu podia juntar mil canções e escrever uma para ti, com pequenas frases de cada uma mas mesmo assim, ainda assim, não ia chegar para dizer tudo.
Amo-te não diz nada.
Mas ainda assim, amo-te. Perdidamente.


Hope I don't love you anymore, tomorrow.

29/04/2011

J. #27

Não sou nada sem ti, Sinto o meu mundo desabar, Sinto que as horas não passam, Só quero que chegue a noite e depois, Quando chega, Não sou capaz de fechar os olhos e dormir.
A última vez que adormeci foi hoje pelas 9 da noite, São três da manhã, Entretanto acordei e assim fiquei.
Não sou nada sem ti, E sinto que continuas a ser tu sem mim. É egoísta mas magoa-me que não sintas tanto a minha falta.
Tu podes rir. Eu também rio, Rio muito, Mas, Se conseguir ser discreta, Choro no instante seguinte. Rir sem ti não é rir. Quando te tinha, Podia rir por tudo o que acontecia à minha volta. Rio muito, Mas nem tanto, E quando rio agora não sabe ao mesmo.
O meu sorriso costumava saber a ti.
Aos teus beijos, Ao teu próprio sorriso.
Está tudo errado, Muito errado. Assim não dá, Não faz sentido.
Assim eu não sinto coisas boas, Perdi o melhor que tinha.

Eu amo-te. quero-te de volta. és o meu mundo.
Pede-me em namoro. vamos começar do zero. voltar ao que costumávamos ser. lembras-te de como éramos? era tão fácil. só tínhamos que viver. quero de novo, quero mais, muito mais e quero sempre, para sempre.
                                                AMO-TE ♥

23/04/2011

Fuck J.

Porque quer-se dizer... ninguém consegue fazer tanta merda em tão pouco tempo.
Ninguém consegue viver cada dia como se fosse o primeiro quando já passaram 8 meses. E ok, não é uma vida, mas a questão é que, dado que a sua relação mais longa foi de meio breve ano, para ele até devia estar perto de uma vida e no entanto ele não consegue estar cinco minutos a jogar às cartas comigo, a dizer parvoíces, a tagarelar sobre qualquer coisa. Não. Ele tem que me abraçar, que me beijar em gesto de sedução, tem que me levar para um canto, sussurrar que quer fazer amor comigo, dizer que me ama até eu lhe dizer "Já chega!" e ele amuar ou dizer "está bem, eu prometi que não ia fazer mais isto".


Fuck J.
Já o avisei; já todas as minhas amigas o avisaram.
E ele continua.

30/03/2011

J. #26

Como se eu suportasse ver-te abraçado a outra.
Como se eu suportasse ver-te sozinho ou rodeado de amigos, a sorrir sabendo que já não me tinhas nem que tu eras meu?
Como se pudesse algum dia fazer sentido ver-te sem a aliança que tem o meu nome.
Na verdade, como se neste mundo alguma coisa fizesse sentido separada de ti.
Era como separar o mar da areia, a lua do luar, era como quebrar o planeta ao meu, pela linha do equador.
No dia em que não estivermos juntos, os meus pés não terão chão para caminhar, nem o meu corpo terá pés onde assentar. As nuvens hão-de cair com o peso de tijolo, o mar há-de tomar a forma de gelo, as flores hão-de vestir-se de luto e o sol há-de perder-se do céu.
Os meus dedos não podem não ter os teus entre eles. E a minha vida não pode tornar-se um silêncio insuportável sem a tua voz, nem o meu corpo pode ficar vazio sem o teu, nem a minha alma pode tornar-se um nada, nem eu me posso tornar só um corpo.
A minha alma fica completa quando a tua está por perto, está cá dentro, enche-me do que lhe quiseres chamar. Chama-lhe amor. Acho pouco. Acho que quatro letras não definem nada. Nem quatro frases, nem quatro páginas, nem quatro vidas.
Mas a minha alma sem ti... Nem meia alma é, e meia alma não muda mundos, não constrói sonhos da maneira que nós costumávamos construir, quem tem meia alma não beija como nós costumávamos beijar, não brinca como nós costumávamos brincar..
Eu não sei. Esgotou-se tudo. Tudo menos o que eu desejo que se esgote. O que sinto. Isto cá dentro. Esta força que me faz não querer largar-te nunca.
Um dia eram só faíscas à nossa volta, leves cordas finas cor-de-rosa, azuis e amarelas, que nos envolviam aos dois e que, só daquela leveza, nos mantinham unidos.
E de repente, são correntes de aço que o meu coração não consegue partir. Porque o meu coração tem a força das correntes, porque o meu coração são as próprias correntes, e este braço de ferro não se move nem um milímetro, não cede para lado nenhum, permanece completamente imóvel.


Faz-me um favor e parte as correntes, deixa-nos ir, deixa o mundo perder o sentido.
Ou então, traz-me de volta as nossas cordas coloridas.