31/01/2011

Cartas na mesa

Deitar as cartas na mesa.
Só contigo aprendi o que é isso.
Afinal, isto é que é amar?
Entrar no jogo, rezar pela sorte, jogar bem, ganhar.
Permanecer, confiar na sorte, jogar ainda melhor e vencer.
Arriscar de novo, sem nunca duvidar da sorte, jogar limpo e sentir que saímos na próxima.
A última prometida, confiança na sorte, jogada perfeita, e só mais uma.
Cartas na mesa, a certeza da sorte, jogar mal e perder.
Querer recuperar, voltar a rezar pela sorte, jogar ainda pior e ser derrotado.
Tentar outra vez, sem crença na sorte, jogar sujo e nem assim.
Cartas na mesa, a fé desvaneceu, desistir ao tentar tudo e perder.
Sair do jogo.
Sem orgulho.
Mas o orgulho volta, na próxima jogada.
Com que então, isto é que é amar.

30/01/2011

Eu, tu, a lua e as revistas

Se isto fosse uma coluna de jornal..
Conclusão do estudo do Mito da Lua:
Devo dizer, em primeira mão e pela primeira vez com experiência própria (ainda que muito pouca) que ir à Lua e voltar não é definitivamente um mito. Estudos já o tinham comprovado - o sexo traz mais benefícios que orgasmos - mas hoje em dia comprova-se uma data de merda coisas. Descobri então, que nesse estudo podemos todos confiar. É a mais pura das verdades, e eu afirmo-o aqui: sexo é bom e eu aconselho. Por: Jen Duarte


Se isto fosse uma revista cor-de-rosa..
Sexo: sim ou não?
Sim! Definitivamente sim, e depressa! Minhas amigas, não há nada melhor que sentir o amor à flor da pele... e dentro de nós! Se dar uns beijinhos ao namorado já é aquilo que é, imagine-se essa sensação multiplicada por infinitas vezes. Nunca se esqueçam das devidas protecções, porque a SIDA continua a matar muita gente e não acontece só aos outros. E com certeza que, por enquanto, o relógio biológico ainda não despertou.
Por isso: sexo, sim! Protecção, também!


Se isto fosse um romance..
Depressa se aperceberam que as viagens à lua em cima de lençóis brancos existem, que se ouve respiração e pulsação, que o castelo com vista para o universo é um sítio onde se pode ir.


Dado que isto sou só eu a dizer coisas ao calhas..
AMO-TE. Fomos até à lua, entrámos no nosso castelo, deitámo-nos em lençóis brancos de olhos no universo. E fizemos amor. És a minha vida. 

25/01/2011

J. #18

Ir à lua e voltar não é mito.
Eu quase chego lá quando penso em ti. Consigo sentir-lhe a brisa e o cheiro. 
É vento fresco no calor e é cheiro a mar e a amor. Mas talvez isso sejas tu.
Lá, oiço com clareza respiração e pulsação.
Sinto corpo no corpo, alma na alma, lábios nos lábios.
Quando a nossa imagem juntos surge, percorre o meu corpo, sinto cada pedaço meu a contrair-se e a querer-te. Quando isto acontece, toco com o pé na lua. Sabe a pouco.
A lua onde tu me levas é um lugar perfeito, só nosso.
Há um castelo com vista para o universo e há uma cama com lençóis brancos.
Um dia, quando nos pudermos deitar na lua, vou olhar lá para baixo e perceber que
o mundo é só o mundo, é só o chão que eu piso.
Quanto a nós, tu e eu, somos muito mais que o mundo.
Nós temos castelos na lua.

22/01/2011

J. #17

Finalmente estás de volta.
Estava a ver que o dia em que te ia poder voltar a ver não chegava. Passou devagar, e finalmente acabou.
Voltei a sentir os teus lábios, a tua pele, a tua voz e o teu olhar.
Finalmente pude dar-te a mão, tocar-te nas costas, beijar os teus lábios e ficar recostada em ti.
Finalmente.
Senti tanto a tua falta. Estava a ver que não te metias num avião nunca mais.
Amo-te muito, mundo 

20/01/2011

J. #16

Assisti a uma cena bonita enquanto fumava um cigarro à janela, pelas onze e meia da noite.
Um Opel cinzento a chegar. Entrou na minha rua, deu a volta num lugar de estacionamento livre e parou na faixa contrária àquela por onde vinha. A porta de trás abriu-se, e saiu de lá uma rapariga de botas pretas e boina cor-de-rosa clara, com qualquer coisa na mão. Parou ao lado do carro, depois de fechar a porta. Uns momentos a seguir, saiu uma rapariga de branco, do lugar da frente. Ninguém saiu do lugar do condutor.
Os faróis iluminavam toda a rua até lá à frente, de onde eventualmente a minha mãe poderia chegar e eu teria que apagar o cigarro na janela e meter-me na cama depressa. A rapariga de branco deu a volta ao carro e inclinou-se para a janela aberta do condutor.
Não tinha ângulo de visão para perceber se era exactamente isto que acontecia, mas presumi que ali haviam beijos e festinhas no cabelo e no rosto, e "Amo-te muito, até amanhã", e "não quero ir embora" como resposta.
A rapariga da boina já se afastara para o prédio. Ficou ali, com a típica expressão aborrecida de quem espera sem paciência que a amiga e o namorado se despeçam finalmente.
O carro começava a avançar com lentidão, quase imperceptivelmente. A rapariga acompanhava-o sem esforço, ainda pendurada com os cotovelos lá dentro.
Pst! - a paciência da de boina esgotou. Mais um riso alto dentro do carro, mais um beijo - presumi - e ela foi-se embora, olhando mais uma vez para trás, enquanto o carro se afastava agora a uma velocidade decente. É nesta parte que a amiga da namorada festeja o seu momento de glória: vai finalmente poder entrar em casa.
Connosco, a história seria outra. Seria mais bonita ainda e ia deixar muitas como eu, à janela e sonhadoras, a adormecer a pensar no que teria acontecido depois daquilo a que elas poderiam assistir.
Tu ao volante, eu pendurada na janela do teu Opel e ela no prédio, aborrecida. 
A partir desta parte.
Dava-te um beijo nos lábios e afastava-me do carro enquanto tu voltavas a fechar o vidro. Atravessaria a estrada no silêncio das noites por aqui, e apressava-me a chegar àquela que morava comigo, fosse quem fosse. Vinte segundos de conversa, um beijo na testa, um até amanhã. Se fosse uma verdadeira amiga, um sorriso chegaria para dizer tudo o resto.
Entrava outra vez no teu carro. Subia o volume do teu carro, inundando aquele lugar da tua música pesada, mas nem sequer me importava. Para eu aceitar, basta-me que tu gostes.
Paramos em frente à farmácia, de porta fechada. Só há um pequeno buraco na porta, com espaço suficiente para passarem caixas e a máquina do cartão de crédito, e mãos largas.
Eu espero no carro, de vidros fechados.
(...)
O carro está parado acima da praia, a uns bons metros do mar. Podemos ver o areal e o mar escuro, com rasgões brancos. A lua brilha, em quarto crescente, ou decrescente, ou seja lá o que for. É crescente, penso, sempre me disseram que a lua é mentirosa.
Passamos para o banco de trás. O meu casaco já saiu enquanto estava lá à frente, apresso-me a desfazer-me do dele e já agora, da camisola também. Não tenho frio.
Os Metallica acompanham o momento - não que adore, mas é melhor que muitas outras.
Sinto a tua pele, arranho as tuas costas, lambo o teu pescoço e o meu corpo está colado ao teu.
Sentada em cima de ti, uma perna para cada lado do teu corpo, sou roubada. Fiquei sem camisola e desconfio que também me vais levar as calças. Não demorou muito a acontecer.
O teu cinto desapertou-se, as tuas calças de ganga desceram e tu tratas de as tirar e atirar lá para a frente. Por esta altura, já são os Linkin Park que cantam para nós, ou lá o que é aquilo. Uns minutos mais tarde, estamos nus e quentes, desejosos e prevenidos e tudo o que tiver que acontecer, acontecerá.
Não sou capaz de deixar de te tocar - Staind - e sinto-me cada vez mais perto de ceder e a melhor sensação é que não me sinto a mim própria a impedir-me de nada.
Somos nós, o Opel, várias vozes, as ondas, a lua e a noite.
Não, agora não somos só nós. Vemos os faróis de um carro a iluminar o dele, dando visão para tudo lá para dentro - incluindo os nossos corpos, o meu cabelo despenteado e... onde é que estão os óculos dele?
Enterro a cabeça para um lado e ele para outro. O meu coração bate depressa. Estamos prestes a ouvir alguém bater no vidro e mais tarde, a ser encaminhados para a esquadra. Pareceu passar uma eternidade.
Finalmente, as luzes desapareceram, ouvindo-se pneus movimentarem-se pela terra batida. É uma perfeita sintonia quando voltamos a levantar-nos.
- Faz amor comigo.
Fui eu que disse isto? Fui. Porra, fui mesmo. E então? Então nada. Aliás: então tudo.
Vidros embaciados, o lugar romântico, o homem da minha vida - Foo Fighters. Os beijos dele percorreram o meu corpo, a minha língua percorreu o dele, deitados nos estofos frios, corpos quentes, suor. Ele senta-se no lugar do meio, assumindo a liderança. Agora é com ele. Olha-me nos olhos. E eu fecho-os, beijando-lhe a testa - Daft Punk.
It might not be the right time
I might not be the right one
But there's something about us
I want to say
'Cause there's something between us anyway"

18/01/2011

J. #15

Tenho a leve sensação de que vou morrer.
Absorvi tantos momentos quanto pude, e tenho esses pedaços de nós para recordar durante estes dias.
São recordações perfeitas. Tento encher o meu corpo de memórias, mas não chega. Quero encher o meu corpo de ti, corpo e alma. Quero sentir o teu cheiro, morder os teus lábios, deixar-me cair no teu corpo e olhar-te nos olhos para ter a certeza que estás, que estás mesmo.
Cada vez que oiço aquela música que cantaste no carro e noutro dia enquanto caminhava encostada aos teus lábios, oiço a tua voz por trás daquela que é, na realidade, a que a canta. Preferia que fosse a tua, só a tua, preferia ter uns minutos teus a todas as músicas que enchem a memória do meu mp3. Preferia-te a ti ao próprio mp3 e a tudo.
Faz-me tão feliz saber que te estás a divertir aí. Faz-me tão feliz saber que estás a aproveitar. Faz-me tão feliz saber que estás a viver.
Quando o teu avião levantou voo, olhei para o céu. Nada. Mais tarde, passou um. Olhei para cima, com a estúpida mas sincera esperança de que aquele fosse o teu avião e que me pudesses ver a procurar-te ou que, pelo menos, estavas a olhar pela janela e a olhar exactamente para o lugar onde eu estava. Claro que não. Ainda assim, acreditei.


Tenho a leve sensação de que não vou morrer, porque tu vais voltar.

16/01/2011

J. #14

Tu fazes o meu coração doer.
Fazes o meu coração ficar muito apertado, bater mais depressa, fazes-me sofrer.
Dás cabo de mim cada vez que estás tão perto e pareces não querer estar mais.
Enfraqueces-me quando mostras que afinal falas mais do que actuas.
E morri por dentro quando a realidade me fez perceber que, desta vez, eu sou a parte mais fraca. Por o meu amor ser mais forte.
Tu fazes o meu coração parar.
Juro, ele pára.
E depois eu começo a chorar, porque não o aguento mais parado, porque não sei suspender a vida mais tempo que uma fracção de segundo.
Quem me dera ser capaz de parar de viver durante um bom bocado. Uns minutos, talvez umas horas.. Tempo suficiente para recuperar de ti, para a dor se esquecer que me ocupa e se desvanecer de mim.
Só o tempo suficiente para eu esquecer que afinal, talvez não sejamos perfeitos e talvez tu não sejas mais que palavras. Só o tempo suficiente para eu voltar a acreditar no nosso Conto de Fadas, no nosso Forever ♥


Forever always seems to be around when it beggins
But forever never seems to be around when it ends
So give me your forever
Please, your forever
                                                        Ben Harper, Forever

13/01/2011

LAST ONE

Sinto-me exausta. 
Dói-me as costas da loiça, tenho os olhos pesados mas pelo menos o meu quarto está arrumado, o que me poupará dores de cabeça por causa dos sermões da D. Lurdes.
Estou deitada na cama com o portátil a aquecer-me demasiado as pernas, prestes a adormecer com as mãos no teclado (não seria a primeira vez).
É daqueles dias em que, depois da correria toda, a única vontade que se sente é desligar o telemóvel, apagar a luz e ficar enterrada nos lençóis até se fazer dia, sem sequer sonhar, não quero cansar o pensamento.
É isso que vou fazer. Depois do último cigarro que tem que ser fumado à janela, e não só por causa da D. Lurdes, mas por causa das outras também.
E depois sim, vou morrer, mas só até às seis e cinquenta e quatro de amanhã.

10/01/2011

J. #13

Eu amo-te.
Amo-te demais para caber em mim e para eu poder quantificar.
Amo-te de tal modo que pairas no meu pensamento a cada segundo que vivo, que desejo ter-te de braço dado comigo a cada passo que dou, que sonho que me roubas uns segundos em cada esquina que dobro.
Eu desejo-te.
De uma maneira que nem os gestos traduzem.
Fazes-me perder o controlo de mim própria, não me agarro. Nada me agarra.
Há momentos em que só te quero despir, quero beijar-te e quero que sejas finalmente meu, e eu finalmente tua. Há momentos em que enlouqueço, enlouqueces-me como só tu sabes fazer.
Como já sonhei, como adormeço a pensar, como escrevi que quero, como disse que quero, como sei que será. Como só pode ser.
Dás-me tanto.
Dás brilho à vida, dás luz à  noite, dás ritmo à chuva.
És o meu calor de Inverno.
Não sou nada sem ti. Porque tu és tudo em mim ♥

09/01/2011

Bonne nuit

Quando a noite acaba, entro no modo seguinte: o da cabeça perdida, os ouvidos a zumbir, os pés muito sensíveis e os olhos cansados. Quando a noite acaba, dava tudo por uma cerveja fresca mas um casaco quente, e se possível um croissant com chocolate ou torradas. Quando a noite acaba, só me quero sentar e sento-me no chão. Melhor é entrar no táxi e saber que não vou pagar; melhor é quando finalmente me encontro entre lençóis. Ao adormecer, lembro-me sempre dele. De como o amo - na verdade, quando estou bêbada gosto de contar isso a toda a gente, parece-me que até a mim própria - e do quão feliz ele me faz todos os dias; as saudades que tenho e tudo o que dava para o ter ali comigo, e poder adormecer nos braços dele, enroscados um no outro.
Quando a manhã começa, desejo sempre que dure mais um bocado. Penso sempre que devia ter bebido menos e devia ter-me sentado algumas vezes, para o meu corpo não estar naquele estado de decadência. Pergunto-me sempre se beijei a loira, mas só cheguei à conclusão que sim uma vez. Quero sempre comer, mas quando finalmente tenho a comida, perco a fome. A minha boca está seca e tenho sede. Quando a manhã começa, desejo que o sol se volte a pôr e fiquei lá em baixo mais dois pares de horas, e, se não se importar, mais algumas.
Mas enquanto vivo a noite é tudo perfeito: há o som e as luzes e algum álcool e há, acima de tudo, a amizade. A cumplicidade. Mais que as hormonas aos saltos, as horas seguidas sempre a mexer o corpo, mais que o copo na mão e o gelo no decote, mais que aqueles que se vêm roçar, que tocam demais, que acabam por desaparecer, mais que tudo, há a amizade. E isso, como o resto, faz valer bem a pena o modo seguinte.

06/01/2011

J. #12

Tu falas demais.
De vez em quando, dás pontapés na gramática.
Pelos vistos, gostas demasiado de sexo.
Tens uma maneira estranha/ engraçada de fumar.
Contas a mesma coisa muitas vezes.
És demasiado preguiçoso - até naquilo que te interessa.
Os teus segredos são do mundo inteiro.
Esqueces as coisas importantes que eu digo.
Beijas toda a gente.
Tens tics nervosos e estúpidos nos pés.
Cravas-me imensos cigarros.
És um agarrado.
Dás demasiados pormenores.



No entanto, tu...


Tens um sentido de humor implacável.
És romântico.
Beijas como ninguém.
Fazes toda a gente sentir-se à vontade.
Mostras os dentes quando ris.
Não me deixas esquecer que estamos juntos há não sei quanto tempo.
Dás-me o braço na rua.
Ofereces-me pacotes de açúcar.
Partilhas tudo comigo.
Já me pagaste o jantar.
Fazes-me ficar com dores de barriga de rir.
Dás-me da tua cerveja.
Abraças-me à frente dos teus amigos.
Preocupas-te quando estou doente.
Que Deus me perdoe, mas tu és sexy de uma maneira que nem sei explicar.
Também não sabes cozinhar.
Tens uma voz linda.
Desenhas tãaao bem.
Dás sempre sinal de vida.
Procuras cada segundo disponível que eu tenho em comum contigo.
Às vezes, ouves a minha música.
Fazes-me todos os favores, se eu pedir por favor.
Acompanhas-me a todo o lado.


É uma porrada de coisas na primeira lista.
As coisas de baixo nem sequer compensam as primeiras, não me fazem ignorá-las.
Eu nunca esqueço o que é menos bom em ti.
Não funciona assim contigo, nem consigo que funcione.
Na verdade, eu não quero.
Eu amo absolutamente tudo em ti.


*Quando eu assinei o contracto, vinha o teu nome completo.